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A crise do abastecimento de água potável no Rio de Janeiro vem ganhando contornos desesperadores. Há pouco mais de três semanas com o efluente de má qualidade chegando às torneiras, a população se vê obrigada a comprar água mineral para o consumo no dia a dia, o que afeta diretamente o já combalido orçamento das famílias.
As autoridades do estado, como o governador Wilson Witzel, chegaram a citar a possibilidade de uma sabotagem contra a Companhia Estadual de Águas e Esgoto (Cedae), responsável pela distribuição do efluente.
O argumento polêmico não é corroborado pelo presidente do Sindicato dos Trabalhadores nas Empresas de Saneamento e Meio Ambiente do Rio de Janeiro e Região (Sintsama-RJ) Humberto Lemos.
“A gente vê o desmonte, a demissão, o PDV (Programa de Demissão Voluntária) e tudo de ruim que está acontecendo com a empresa, e o governador e o nosso presidente [Hélio Cabral] falam ainda em sabotagem. A sabotagem que existe é deles próprios quando demitem trabalhadores técnicos e engenheiros graduados, colocam mil pessoas para fora no PDV, não abrem concurso público. Os trabalhadores é que são sabotadores?”, questionou.
Os profissionais da empresa estatal, representantes de sindicatos e movimentos sociais realizaram nesta terça-feira (28) um ato em frente ao prédio da companhia, no Centro. Eles tentam impedir o processo de privatização da Cedae. No próximo dia 12 de fevereiro, está marcada uma nova manifestação, desta vez em frente ao Palácio Guanabara, sede do governo do estado.
“Queremos saber o que eles querem da Cedae porque a população está sofrendo muito com esse problema da água de qualidade ruim. Quem pode comprar água, compra, e a população mais carente, que não pode comprar água, como faz? Não estamos tendo uma resposta”, comentou Lemos.
A ideia do governo de privatizar a Cedae vai de encontro à realidade da empresa, que é lucrativa ao estado. Ainda que os números sejam positivos, o dirigente do Sintsama apoia a utilização do dinheiro para melhoria da qualidade do serviço.
“Não é esse lucro financeiro que a gente quer, nós queremos o lucro social, que esse dinheiro seja reinvestido para as áreas mais carentes, para onde precisa fazer o saneamento básico, tratar o esgoto, fornecer água de qualidade. A empresa, nessa gestão, só pensa no mercantilismo, no dinheiro, mas a Cedae não foi feita para dar lucro. Ela leva vida, leva saúde, então esse lucro tem de ser social”, disse.
O modelo de privatização da companhia, de acordo com o presidente do Sintsama, é semelhante ao que foi sugerido em 2004, quando o ex-deputado federal Eduardo Cunha exercia influência política na companhia.
“Eles querem entregar o filé mignon, o cofre, a distribuição. O que hoje está dando problema no Guandu é a captação, fazer a água ficar com qualidade boa. Isso vai ficar para o estado no modelo que eles querem. Vão entregar a comercialização, quer dizer, vão comprar a água da Cedae e vender para o povo sabe-se lá com que tarifa. A gente sabe que onde se privatizou, as tarifas triplicaram”, relatou.
Ouça a entrevista de Humberto Lemos na íntegra: