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Editorial – 02.04.2019

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O nosso editorial de hoje toca em um assunto dramático para os brasileiros: o crescimento do nível de desemprego no governo Bolsonaro. A falta de empregos já atinge 18 milhões de brasileiros e brasileiras.

 

A Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (Pnad) Contínua que acaba de ser divulgada pelo IBGE revela números assustadores relativos ao desemprego no Brasil. O número de brasileiros desempregados subiu para 12,4% da população economicamente ativa, rompendo a barreira dos 13 milhões e 100 mil homens e mulheres que não conseguem trabalhar, mesmo procurando uma vaga no mercado de trabalho. Esse número se torna ainda mais dramático se a ele somarmos os 4 milhões e 900 mil dos chamados desalentados (aqueles que desistiram de procurar uma vaga depois de muito tentar) e que não são contabilizados como desempregados. Somados, estes dois contingentes chegam a 18 milhões de brasileiros e brasileiras.

 

Mas a tragédia é maior. O IBGE identificou que nada menos de 6,7 milhões de pessoas auferiram algum recurso financeiro com sua mão-de-obra, mas este contingente trabalhou menos de 40 horas semanais e gostaria de trabalhar mais. Só não o faz porque não acha trabalho.

 

Os três contingentes juntos (desempregados, desalentados e os subocupados) somam a assustadora quantia de 24,7 milhões de pessoas que querem trabalhar mas não veem oportunidade para isso.

 

A luz vermelha está acesa também porque os dados do IBGE revelam que nos três meses transcorridos entre a eleição de Bolsonaro e o fim de fevereiro deste ano, a comparação entre o número de postos de trabalho abertos e fechados contabiliza 1 milhão e 62 mil vagas a menos.

 

O desalento também cresceu neste período, passando a registrar o seu maior número em toda a série histórica do IBGE, iniciada em 2012. Isso revela outro aspecto dramático: mesmo com menos pessoas procurando emprego devido à desistência em procurá-lo, observa-se uma elevação na taxa de desemprego. Em relação ao trimestre encerrado em novembro de 2018, foram mais 150 mil pessoas que simplesmente desistiram de procurar emprego. A taxa de desalento está na contramão do que se deveria esperar, em tese, no início de um governo que foi eleito prometendo uma vigorosa retomada econômica do País. A economia da dupla Bolsonaro-Guedes, ao invés de engatar a primeira marcha para fazer o carro andar, está dando marcha a ré, piorando ainda mais as consequências da política já recessiva da dupla Meirelles–Temer.

 

E se a realidade já é dramática na vida destes brasileiros, infelizmente a política radicalmente neoliberal do Governo Bolsonaro não indica um futuro de esperança. Além de não aumentar o salário mínimo (sabidamente um elemento propulsor do desenvolvimento econômico, pois ativa o mercado consumidor), o Ministro Paulo Guedes e sua equipe não dão nenhum sinal de que venham a utilizar bancos públicos para baratear o crédito, nem empresas públicas para ampliar investimentos em áreas fortemente ligadas à criação de novos empregos, como a da infraestrutura. Nenhuma palavra é pronunciada em relação a políticas de geração de empregos e renda.

 

O discurso é oposto a isso: privatizar empresas públicas (repassando ao mercado privado essas decisões) e atacar os direitos previdenciários. Nesse aspecto cabe perguntar a Paulo Guedes como assegurar o financiamento da Previdência após a sua reforma, sem que se tenha uma forte política de geração de emprego e renda. Ou alguém acredita que a privatização da Previdência Pública, que está por trás da proposta de reforma enviada ao Congresso, resolverá também a crise de emprego?

 

Diante de quadro tão grave, é impossível não nos referenciarmos à Reforma Trabalhista patrocinada pelo Governo Temer, aprovada pelo Congresso Nacional com o apoio de Bolsonaro e sancionada em 13 de julho de 2017 (há um ano e oito meses, portanto). Aplaudida pelas elites brasileiras e pelos comentaristas dos grandes meios de comunicação, os discursos de apoio à retirada de direitos do trabalhador feitos na época garantiam, como uma das grandes vantagens frente ao fim da CLT, que aquelas alterações gerariam milhões de vagas de trabalho País afora. Os números do IBGE mostram o contrário. Com a Reforma Trabalhista, aumentou e muito o número de desempregados no País. É hora de perguntar: onde estão os empregos prometidos em troca da retirada de direitos?

 

Ouça o comentário de Álvaro Nascimento:

 

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