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A Comissão Especial da Previdência lá na Câmara abre hoje formalmente os seus trabalhos. Ela tem até 40 sessões para oferecer o seu parecer ao plenário da própria Câmara que terá de aprovar ou não o conjunto de medidas propostas pelo governo através de uma Proposta de Emenda Constitucional. A grande questão é que frente à prolongada crise econômica que se manifesta principalmente em um terrível desemprego e na ausência absoluta de crescimento econômico, a mídia dominante também recrudesce a sua campanha através de mentiras e inverdades sobre a realidade da Previdência Social no país.
No diagnóstico da mídia dominante, dos economistas principalmente ligados a bancos e multinacionais, o grande problema é o déficit público, que seria produzido por gastos com pessoal e funcionalismo em geral. Isso é uma grossa mentira. Na verdade, estamos passando por essa crise prolongada justamente por um diagnóstico absolutamente equivocado da crise econômica que aponta que o Estado deve limitar os seus gastos, isso em um momento onde temos a demanda extremamente reprimida e precisaria de um incremento que somente através de gastos públicos poderia fazer com que esse quadro de estagnação viesse a ser revertido.
Mas, qual o quê, o que querem é cada vez mais aprofundar o estrangulamento financeiro da União, dos estados e municípios, e deixar espaço aberto principalmente para os interesses de bancos e multinacionais. Não é verdade que todos nós estejamos perdendo em meio a essa prolongada crise que se iniciou com a recessão nos anos de 2015 e 2016, e está sendo prolongada durante os anos seguintes de forma irresponsável por conta justamente dessa política que envolve aprovação daquela Proposta de Emenda Constitucional nº 95 que limitou o teto dos gastos, principalmente gastos de investimento, de custeio do governo, ao mesmo tempo em que libera de forma irresponsável as manipulações do Banco Central em torno da dívida pública.
Hoje iremos voltar a conversar com Maria Lucia Fatorelli que certamente abordará essa questão, mas as mentiras da mídia dominante é que me chamam a atenção porque é evidente que não é possível que a gente justifique essa prolongada crise por conta de gastos previdenciários que atendem a nossa população, na sua esmagadora maioria com benefícios no valor de um salário mínimo, ou mesmo atender a esse diagnóstico da mídia dominante que aponta que são os gastos públicos em geral ou um excesso de Estado no Brasil que produz essa situação.
Todos nós estamos observando, por exemplo, a crise na área da educação, uma crise que precisa ser revertida com novos investimentos, com salários mais dignos para os professores. Como, em um quadro como esse, pode um diagnóstico apontar que é justamente o gigantismo do Estado que faz com que nossa sociedade padeça de uma crise econômica prolongada? Isso é uma mentira e essa mentira pode ser focalizada de maneira muito clara ao examinarmos os balanços dos bancos e multinacionais ou o posicionamento de dirigentes de bancos e também de multinacionais.
Estão todos muito satisfeitos com esses descaminhos da economia brasileira que principalmente afeta você trabalhador que precisaria de serviços públicos adequados e cada vez mais se defronta com a precariedade da prestação de serviços por parte do Estado, e é no meio de todo esse drama que estamos vivendo que observamos o governo Bolsonaro, que ora se inicia, mergulha também em suas próprias crises.
Ontem e antes de ontem, o astrólogo e guru da turma do Bolsonaro, senhor Olavo de Carvalho, voltou a atacar violentamente, ofendendo pessoalmente inclusive alguns dos membros militares desse lamentável governo que foi eleito, no meu ponto de vista, de forma irregular. O general Villas Boas, que foi o comandante do Exército nos governos de Dilma Rousseff e de Temer, se posicionou, ele que hoje curiosamente é um assessor especial do Gabinete de Segurança Institucional com sala em pleno Palácio do Planalto. Ele se manifestou inclusive apontando que esse dito astrólogo guru é uma espécie de Trotsky de direita porque na verdade, segundo ele, procura dividir, produzir cizânias no corpo do governo e onde especialmente os militares passaram a ser atacados.
A curiosidade de toda essa história é que Villas Boas tem muita responsabilidade na existência desse governo Bolsonaro. Talvez ele hoje esteja se arrependendo de todo seu trabalho no sentido de viabilizar a própria candidatura de Bolsonaro e dar consistência que o leva inclusive a uma vitória eleitoral. Villas Boas foi figura central de todo processo que ainda não está esclarecido da eleição de Bolsonaro e de sua campanha, uma campanha baseada em fake news e que muitos associam a técnicas de guerra desenvolvidas justamente por serviços de inteligência das Forças Armadas.
É tudo muito lamentável porque nós não teríamos esse presidente da República sem esse apoio decisivo do senhor Villas Boas. Por isso é muito importante nesse momento avaliarmos como irá evoluir essa crise entre os partidários de Olavo de Carvalho e ao mesmo tempo os membros militares desse triste governo de Bolsonaro. Se arrependimento pudesse fazer com que algumas pessoas elevassem seu nível de consciência, certamente Villas Boas poderia se posicionar e se arrepender de tudo aquilo que fez ao longo do governo de Temer e do próprio governo de Dilma para viabilizar a candidatura de Bolsonaro.
Os prejuízos são gigantescos e agora esses efeitos negativos parecem que tocam naqueles que inclusive estiveram à frente dessa campanha de Bolsonaro e hoje encontram-se à frente do próprio governo. São contradições que explodem e demonstram muito bem que a mentira tem pernas curtas e a irresponsabilidade de levar um péssimo oficial à Presidência da República terá seu preço, a ser pago inclusive pelas Forças Armadas. Ontem tivemos uma manifestação inusitada dos estudantes na frente do Colégio Militar quando da passagem de mais um aniversário dessa instituição de ensino.
É algo inédito justamente em um momento onde temos um governo presidido por um ex-militar e com apoio decisivo de membros da cúpula do Exército, principalmente. É tudo muito lamentável porque, em meio a essa situação, quem está pagando um altíssimo preço é a nossa população, cada vez mais exposta à irresponsabilidade daqueles que tocam a política econômica, ao mesmo tempo em que ficam sujeitos aos abusos da violência policial conforme estamos assistindo. Na verdade, vivemos hoje uma grande tragédia nesse nosso país.
Ouça o comentário de Paulo Passarinho: