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Editorial – 08.05.2019

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O levantamento foi feito pelo jornal Valor Econômico que é publicado hoje como matéria principal, com o seu conteúdo sendo assinado pelo Ribamar Oliveira, jornalista do jornal lá de Brasília. O corte feito pelo governo Bolsonaro nos orçamentos das universidades federais foi diferente para cada instituição, variando de 12,79%, no caso da Universidade Federal do Amapá, até 52,47% na Universidade do Sul da Bahia. Dados da Secretaria de Orçamento Federal mostram que o bloqueio de verbas totalizou R$ 2,051 bilhões, 28,46% dos R$ 7,208 bilhões anteriormente previstos na Lei Orçamentária desse ano.

 

O corte realizado nas dotações das universidades representa 36% da redução total realizada nas despesas com educação, de R$ 7,714 bilhões. O governo, desse modo, escolhe o ensino superior como principal alvo do contingenciamento e preserva a educação básica e média. O Fundo Nacional de Desenvolvimento de Educação sofreu um bloqueio de apenas 18%, de R$ 984,9 milhões de um total orçado de R$ 5,490 bilhões. O governo Bolsonaro também bloqueou R$ 209,9 milhões do IBGE, 87,2% do orçamento de R$ 240,8 milhões, valor que seria gasto nos censos demográfico e agropecuário.

 

Na segunda-feira, o diretor de pesquisa do órgão Cláudio Crespo, responsável pelo Censo 2020, foi exonerado do cargo. Essas são as consequências, portanto, desses cortes que têm privilegiado a área da educação. Não sem razão ontem o ministro da Educação, se é que podemos chamá-lo assim, defendeu claramente esse corte nas universidades e sugeriu que elas venham a buscar parcerias privadas, e isso mostra muito bem como os atuais governantes concebem a questão da educação, que curiosamente é apontada por muitos como prioridade máxima do país.

 

Não há dúvida que uma nação que queira se construir precisa investir maciçamente em educação, mas não somente isso. É necessário atentar para o tipo de país que sob o ponto de vista econômico estamos construindo. Caso continuemos nessa batida de apostar principalmente no capital internacional, na tecnologia estrangeira para desenvolvermos o nosso país, a educação realmente passa a ter um caráter secundário, afinal de contas todo processo de inovação tecnológica, científica, de novas descobertas, passam a ser delegadas às grandes corporações internacionais que cada vez mais dominam o nosso ambiente econômico.

 

Aliás, essa é a questão central, cada vez mais quem comanda o Brasil são os bancos e as multinacionais, e é por isso que o dito desenvolvimento atinge e beneficia especialmente a bancos e multinacionais que sofrem, na verdade, uma cobertura excepcional por conta da mídia dominante, financiada curiosamente por bancos e multinacionais, e que com isso dá toda cobertura a um conjunto de políticas e medidas governamentais que prejudicam o povo e beneficiam justamente a esses dois setores que podem demonstrar sua vitalidade através dos seus balanços, principalmente os bancos.

 

Por outro lado, as multinacionais cada vez dominam mais o nosso parque produtivo, podemos assim dizer, aliás essa é uma característica que está em curso desde os anos 1990. O Brasil é um país que se desindustrializa, desnacionaliza, fragiliza seu Estado e fica exposto a toda e qualquer mudança brusca na economia internacional.

 

É necessário que o Brasil readquira sua identidade, tenha claramente um projeto de nação que responda às necessidades da população, mas para isso, como medida inicial, é necessário derrotar esse governo que dá show de escândalos e grosseria em todas as áreas relativas, por exemplo, ao meio ambiente ou à própria educação, na área de assistência, Previdência Social, dá mostras claras que o diagnóstico que tem sobre a crise brasileira, principalmente as medidas que propõe devem ser colocadas sob questionamento total, afinal de contas são muito poucas aquelas pessoas e setores que se beneficiam dessa verdadeira razia que está em curso no nosso país. É necessário, mais do que nunca, a nossa vigilância, nossa organização e uma ofensiva contra um governo claramente antinacional e antipopular.

 

Ouça o comentário de Paulo Passarinho:

 

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