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Gigantescas manifestações tomaram conta ontem do país, principalmente nas grandes capitais aqui da região Sudeste. O Rio de Janeiro, Belo Horizonte e São Paulo foram palcos de manifestações históricas, entraram para a história política do nosso país, mas muito além dessas manifestações, o que está em curso é um processo de erosão do governo Bolsonaro. Nunca antes em um período tão curto de tempo um novo governo sofreu uma contestação tão forte nas ruas e, nesse momento, o governo Bolsonaro passou a ser questionado inclusive por líderes do próprio Congresso ligados à legenda do Bolsonaro, o PSL, ou mesmo líderes que pontificam com suas posições de direita.
Isso mostra muito bem a opção que foi construída de forma artificial no processo eleitoral do ano passado. O governo Bolsonaro, nesse momento, enfrenta ao menos dois problemas gravíssimos. Na frente política, uma contestação às medidas do seu governo, especialmente nessa área da educação, e isso compromete a principal bandeira que é a tal da contrarreforma da Previdência, um ataque frontal à Previdência Social pública e ao próprio conceito de seguridade social no país, conceito esse que foi construído desde os trabalhos da Assembleia Constituinte nos anos de 1987 e 1988, e que culminou com a Carta Constitucional de 1988, hoje em vigor, embora extremamente atacada por diversos governos.
Parece que Bolsonaro quer de fato demolir todos os pilares da seguridade social, mas, junto com isso, apresenta uma ofensiva contra a educação do país, essa que é a verdade. O governo Bolsonaro vem se caracterizando desde o seu período de campanha por uma relação muito tensa e, por que não dizer, muito desrespeitosa com professores, estudantes, e ontem, nas gigantes manifestações que ocorreram aqui no Brasil, o senhor Bolsonaro, lá nos Estados Unidos, teve a petulância de chamar os estudantes de “idiotas úteis” ou “massa de manobra”.
É evidente que isso joga mais lenha na fogueira em um momento onde o governo também se defronta com problemas muito sérios em função dos desdobramentos das investigações do Ministério Público sobre os chamados malfeitos do senhor Flávio Bolsonaro, deputado estadual aqui do Rio de Janeiro eleito nas últimas eleições como senador. Parece que seu gabinete era uma verdadeira lavanderia de dinheiro.
Isso será cada vez mais objeto de investigação do Ministério Público, da polícia, pelo menos assim esperamos, e vai se constituir evidentemente mais um problema para o governo, até porque é muito além da lavanderia que tudo indica o gabinete de Flávio Bolsonaro era, o que temos são relações íntimas da família Bolsonaro com grupos de milicianos extremamente perigosos que atuam na região de Rio das Pedras, de Muzema, e que podem, inclusive, estar relacionados com o próprio assassinato, a execução da vereadora Marielle Franco.
Portanto, mais do que nunca, as oposições devem estar muito atentas para não somente a possibilidade de uma ofensiva que há inclusive para o dia 14 de junho, dia em que as centrais sindicais já marcaram a realização de uma greve geral, mas apontam também possivelmente para reações desse governo estabanado, irresponsável, e que poderá, evidentemente, ensaiar algum tipo de sabotagem aos processos de mobilização que estarão agora muito mais incentivados e impulsionados a partir das fraturas expostas por esse governo Bolsonaro. Mais do que nunca, é necessário persistir na luta, avançar na pressão sobre o governo.