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Estudantes e educadores voltam às ruas hoje de todo país em manifestações organizadas pela juventude, pela UNE, por inúmeros diretórios estudantis e, principalmente, pela própria esperança dos brasileiros em vencer mais essa batalha, uma batalha que se dá nesse momento entre o Governo Federal e as universidades. Podemos dizer que essa batalha é contra o ensino público no Brasil.
Darcy Ribeiro dizia que esse desleixo com a educação não era propriamente um equívoco, e sim um projeto, e um projeto ligado à subordinação do nosso país a um jogo global cada vez mais pesado e onde parece que nossas elites econômicas preferem que a gente entre nesse jogo de maneira subalterna, dependente, subordinada à marcha de outras sociedades, de outros Estados nacionais. Sim, porque quando defendemos a educação, defendemos, na verdade, a soberania do nosso país.
Não há nada mais importante que a autonomia intelectual, no campo da formulação de políticas que possam conformar uma situação no Brasil de acordo com a necessidade da nossa imensa população pobre e miserável. Temos uma camada de ricos que é uma minoria, ou mesmo de uma camada classe média que se ilude sobre as possibilidades de desenvolvimento sob a ordem que estamos vivemos, uma ordem excludente, que estimula a violência e que através de sucessivos governos vem procurando golpear a educação.
Aliás, essa tragédia da educação pública no país tem início, curiosamente, com a ascensão dos militares ao poder em 1964. Naquele momento, eu costumo ironizar, havia duas profissões que eram muito valorizadas no Brasil. Uma delas de professor primário e a outra justamente de militares. Passadas essas décadas, onde inclusive os militares pontificaram de 1964 a 1985, observamos é que em relação a essas duas carreiras, professores primários e militares, claramente houve uma desvalorização.
Hoje, praticamente, essas carreiras são o destino de formação das classes pobres. As classes ricas, as classes médias, que outrora sempre tiveram muito orgulho de terem seus membros como professores primários ou como militares, hoje em dia raramente vamos encontrar em alguma dessas famílias abastadas representantes dessas categorias, e tudo isso porque claramente, e isso é escancarado em relação os professores primários, houve uma política desvalorização salarial e profissional desse segmento.
As nossas escolas foram entregues à sua própria sorte. No plano universitário, tivemos surtos de um maior investimento, inclusive nos governos do PT. Porém os problemas estruturais não foram resolvidos e agora a sanha liberal volta com toda força. Como uma variável do ajuste fiscal que é pretendido, são as universidades a bola da vez e onde, claramente, ao invés de ser atacar os males do nosso modelo econômico e que residem principalmente na política do Banco Central, esse governo atual se volta contra o que ele chama de privilégios nas universidades públicas.
Francamente, nós não precisaríamos passar por uma situação como essa, mas frente a essas ameaças, o único caminho é a luta, a denúncia e, principalmente, a recuperação histórica de uma história que precisa ser refeita, reconstruída, e isso pode se dar através da luta de educadores, de estudantes e de todo povo brasileiro.
A luta de hoje, quando os estudantes puxados por organizações juvenis, principalmente a UNE, voltam às ruas, é de todos nós, e é nesse sentido que conclamamos a todos os nossos ouvintes, a todos aqueles que recebem nossa mensagem para hoje, a partir das 15h, nos concentrarmos lá na Candelária como forma de prestar apoio a toda educação, educadores e estudantes, prestar o apoio à própria política de soberania nacional que precisamos construir, uma política que nos faça afastar todos os males do subdesenvolvimento e, principalmente, construa uma perspectiva onde todos nós brasileiros tenhamos orgulho do nosso país.
Ouça o comentário de Paulo Passarinho: