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A principal notícia do dia é a autodemissão, podemos assim dizer, provocada por Bolsonaro de Joaquim Levy da presidência do BNDES. Daqui a pouco iremos entrevistar Arthur Koblitz, vice-presidente da Associação de Funcionários do banco. Para a associação, as razões de fundo da divergência entre Bolsonaro e Levy se situam em relação a essa exigência por parte de Bolsonaro da abertura de uma suposta caixa preta na instituição, onde poderiam ser reveladas práticas irregulares de funcionários do BNDES na concessão de empréstimos, inclusive para empresas brasileiras com atuação no exterior.
Essa é uma questão que é levantada desde o governo Temer, alimentada por essa turma de procuradores do Ministério Público Federal, mas que jamais isto chegou a qualquer tipo de conclusão mais palpável. Na verdade, trata-se, a rigor, de uma verdadeira fake news, mas Bolsonaro pressionava Joaquim Levy, bem como o pressionava para a tal devolução de recursos que foram injetados pelo Tesouro no banco justamente a partir da crise de 2008, como uma forma de se garantir créditos para empresas que estavam em dificuldade naquele momento, até porque os bancos particulares se recolhiam.
Mas essa é apenas uma das faces das inúmeras crises que o governo Bolsonaro nesse sexto mês de mandato vem enfrentando. Existem essas divergências agora explícitas também entre Rodrigo Maia e Paulo Guedes, tudo por conta do relatório proposto da Comissão Especial da contrarreforma da Previdência, onde a Câmara dos Deputados assume a tarefa de levar à frente mais uma rodada de alterações nas regras previdenciárias, mas sem contemplar plenamente as pressões de Paulo Guedes, principalmente em torno da adoção do chamado regime de capitalização para a Previdência Social.
Na verdade é uma contradição em termos. O regime de capitalização seria a morte do próprio regime de Previdência Social pública no Brasil inaugurado nos anos 1920, essa é a verdade, mas Paulo Guedes só pensa nos interesses da sua lógica financista e, com isso, ele quer porque quer abrir o negócio da Previdência para as instituições privadas. Essa é a preocupação e me parece o papel maior desse indivíduo à frente do Ministério da Economia, mas os problemas não param por aí.
Bolsonaro também anunciou a demissão do general que ocupa a presidência dos Correios, tudo por conta de uma notícia que demos aqui na semana passada onde, em depoimento ao Congresso, o general deixou claro que é uma estupidez essa história de se vender partes da empresa dos Correios afetando a sua existência sistêmica e, principalmente, prejudicando a empresa como um todo, como toda grande empresa com prestação de serviços públicos, há áreas que são lucrativas e outras que não são, mas justamente é esse tipo de situação que se permite, onde a empresa tem lucro elevado em alguns segmentos, à mesma empresa manter serviços que sabidamente não produzem um retorno financeiro esperado.
Aliás, isso pode ser aplicado também à Petrobras, que dá outro show. Em meio a essa desmoralização da República e de seus poderes, a Petrobras fez o anúncio de uma descoberta milionária, a maior descoberta desde o pré-sal, em Sergipe e Alagoas, desta feita envolvendo principalmente campos da produção de gás natural. Isso é muito importante, até porque se enquadra dentro dos propósitos de Paulo Guedes em, por exemplo, ampliar a oferta de gás e reduzir o preço desse produto, especialmente junto à população mais pobre.
São seis campos em Sergipe, onde a Petrobras espera extrair 20 milhões de metros cúbicos por dia de gás natural e isso é equivalente a um terço da produção total brasileira. Isso mostra muito bem como a Petrobras, apesar de todos os ataques que vem sofrendo, todas as irresponsáveis vendas de ativos valiosíssimos, continua a trabalhar. Nesse sentido é importante destacar o papel do Intercept Brasil, que continua revelando as conversas criminosas de Sérgio Moro com procuradores da força-tarefa da operação Lava Jato, em Curitiba.
As organizações Globo assumiram a defesa intransigente do senhor Sérgio Moro e dessa turma da Lava Jato. Procuram, na verdade, criminalizar a divulgação dessas conversas, essas sim criminosas, entre Sérgio Moro e os procuradores de Curitiba. A grande questão que se coloca é que está claro, especialmente em relação ao processo do triplex do Guarujá, houve uma tentativa explícita e, podemos dizer, exitosa, do senhor Sérgio Moro junto com os procuradores de Curitiba procurarem os caminhos que levassem à condenação de Lula e, principalmente, a inviabilização da sua candidatura à Presidência da República.
Essas últimas gravações deixam isso claro, mas as organizações Globo, bem como o governo Bolsonaro, o próprio Sérgio Moro, vêm batendo na tecla do rackeamento criminoso, do ataque aos procuradores e ao ex-juiz através de uma ação criminosa de um hacker. Isso é muito difícil de ser comprovado, afinal de contas os próprios procuradores estão dificultando esse tipo de investigação que está a cargo da Polícia Federal e o principal, a intenção de tudo isso é, na verdade, deixar de lado o conteúdo, esse sim explicitamente criminoso, das falas, das conversas entre Sérgio Moro e seus, podemos assim dizer, subordinados.
É isso mesmo, o Ministério Público Federal de Curitiba, essa turma de procuradores, agia de forma absolutamente irregular, pois subordinados ao juiz que tinha a responsabilidade de apreciar e julgar o processo que o Ministério Público aparentemente movia contra Lula. A rigor fica claro que quem movia o processo era o próprio juiz, orientava explicitamente os procuradores e agora essa empresa dita a maior de comunicação do mundo, ao invés de ir fundo nessa questão, investigar o que já está explícito, a questão das atividades criminosas de Sérgio Moro, prefere, ao contrário, apontar um suposto crime de um hacker.
Ora, já há boatos e informações que essas gravações teriam sido entregues ao Intercept Brasil por um procurador da Lava Jato, considerando que essa turma é ávida por poder, evidente que existem divergências em seu meio. Se foi um procurador da própria Lava Jato que vazou essas gravações, se foi um hacker ou se foi sabe Deus quem divulgou, isso é uma questão que caberá à própria Polícia Federal, que está empenhadíssima em apurar esse vazamento, esclarecer. O que nós hoje temos de palpável é a atividade criminosa do senhor Sérgio Moro junto com os procuradores. O que esperamos é que haja justiça, mas será que há justiça no Brasil nessa altura do campeonato? Essa é a pergunta que deixo no ar.
Ouça o comentário de Paulo Passarinho: