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Editorial – 27.06.2019

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É manchete em praticamente todos os jornais, nós aqui não o fizemos, mas é uma notícia que inclusive ganhou espaço no noticiário internacional. Foi preso, conforme vocês todos devem saber, lá na Espanha o segundo sargento da Aeronáutica Manoel Silva Rodrigues. Ele tem 38 anos, foi preso em Sevilha com 39 quilos de cocaína em uma mala. O problema é que ele integrava a equipe que dá suporte à comitiva do presidente Jair Bolsonaro nessa sua viagem agora para a reunião de cúpula do G-20, no Japão.

 

Nós não queremos explorar esse caso como mais um uma bandeira do governo Bolsonaro, muito pelo contrário. Essa questão relativa ao tráfico internacional de drogas merece evidentemente um cuidado e análise muito mais detalhados antes de chegarmos a qualquer conclusão. Mas o que nos chama atenção é um governo que diz priorizar a questão da segurança, parece que é extremamente frágil na defesa da sua própria segurança. Senão vejamos, o governo dispõe de um tal de Gabinete de Segurança Institucional. Ele inclusive é dirigido hoje pelo general da reserva Augusto Heleno, um homem que se apresenta como um especialista em questões de segurança.

 

Eu confesso que todas as intervenções públicas que já assisti do general Augusto Heleno me assustaram bastante, posso dizer que me decepcionaram bastante, afinal de contas ele é um daqueles que apontam que o grande problema, por exemplo, do crime organizado no Rio de Janeiro encontra-se nas favelas. É difícil para quem vive, foi criado no Rio de Janeiro, aceitar um tipo de simplificação como esse. Ao mesmo tempo, nós tivemos ao conhecimento no início do ano daquele vizinho do Bolsonaro que simplesmente tinha um arsenal de armas poderosas ao lado da casa do presidente. Bolsonaro que tem, conforme todos sabemos, relações muito íntimas com integrantes de milícias, e o general Augusto Heleno sempre em silêncio.

 

E agora, na própria comitiva do presidente, um problema como esse. Há alguma coisa errada, evidentemente. Onde está o erro, nós não sabemos, não queremos aqui nos precipitar, mas é evidente que é necessária uma revisão dos métodos desse governo que, eu repito, adora fazer apologia do combate à criminalidade, de destacar a importância da segurança e, principalmente, apresentar ideias absolutamente estapafúrdias a respeito do tema, e tudo isso com os tais especialistas de segurança ao seu redor. Nós temos toda essa polêmica em torno da questão da liberação de armas, onde o governo vai e volta, conforme ficou claro durante essa semana e, ao mesmo tempo, essa situação onde, em torno do presidente da República, a coisa é tão vulnerável que tudo se assemelha a um queijo suíço.

 

Ouça o comentário de Paulo Passarinho:

 

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