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Editorial – 01.07.2019

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Há 25 anos era lançada a nova moeda brasileira, o Real, um marco do processo de liberalização econômica do país. Essa liberalização a rigor havia iniciado alguns anos antes e por uma área muito sensível ao país, a liberalização financeira. Isso ocorreu ainda no governo de José Sarney, mas foi justamente no governo de Collor e, principalmente, nos governos de Itamar e Fernando Henrique que essa nova forma da economia brasileira funcionar adquiriu muito mais consistência, especialmente com as reformas no plano constitucional, no plano administrativo, na área da própria macroeconomia e também através de um forte programa de privatizações.

 

O Brasil desses anoos 1990 para cá mudou completamente de feição em relação, principalmente, ao modelo que de alguma maneira predominou no país, o modelo que seria voltado para a industrialização entre os anos de 1930 e 1980, um longo período, onde, a rigor, fomos marcados por vários governos de orientação político-ideológica distintas, porém todos com essa vocação de buscar meios para o país se industrializar.

 

A crise que se abateu nos países da periferia ao longo dos anos 1980, aqui no Brasil sepultou esse dito projeto desenvolvimentista, conforme era caracterizado na época, e abriu condições justamente para um novo consenso entre as classes dominantes brasileiras. Esse consenso apontava questões que pareciam sepultadas na época anterior a 1930. Passamos a apostar que através de capital estrangeiro, da importação de tecnologias, de capitais e as próprias empresas vindo para o Brasil, poderíamos ter uma vida melhor e atacar problemas sérios que continuam em curso no nosso país e que principalmente através da desigualdade, da pobreza e da miséria mostram muito bem como desperdiçamos oportunidades e não aproveitamos o imenso potencial de um país que talvez seja o mais rico do mundo.

 

O fato é que nós, depois desses 25 anos, estamos frente a problemas seríssimos. A fragilização da estrutura industrial do país, a crescente dependência da exportação de produtos agrícolas e minerais, a desnacionalização do parque produtivo, o aprofundamento da desigualdade e, junto com ela, da violência, da marginalização da maior parte da nossa população continuam a ser características que se acentuaram nesses 25 anos.

 

Nesse momento, onde inclusive o governo anuncia de forma surpreendente o chamado acordo entre a União Europeia e o Mercosul, nós teremos de estar muito mais vigilantes. Agora parece que frente inclusive às pressões que dividem os países mais desenvolvidos, Estados Unidos de um lado, a União Europeia cada vez mais buscando a sua identidade e o bloco asiático comandado pela China e a Rússia em disputa aberta no campo comercial, tecnológico, produtivo, viramos uma espécie de peão nesse jogo global, e nesse sentido a União Europeia avançou na suas exigências e aproveitando as fragilidades políticas dos nossos governantes, onde especialmente a situação de Macri, na Argentina, é muito delicada, bem como a própria situação desmoralizada do senhor Bolsonaro aqui no Brasil, fez com que certamente esse anúncio fosse precipitado.

 

A grande questão que se coloca é em que medida os parlamentos, principalmente europeus, irão resistir a isso. Claramente esse acordo contraria a interesses de agricultores na Europa e contará com uma forte resistência não somente da chamada direita nacionalista, mas também de ecologistas e da esquerda europeia. Eu estou pagando para ver se esse acordo além do anúncio ganhará de fato maior consistência. As pressões são gigantescas, mas é evidente, a luta política se dá não somente aqui no Brasil, se dá também na Europa, e é com relação a isso que teremos de estar muito atentos e prestando atenção quais as melhores maneiras de resistirmos a esse vendaval que há mais de 25 anos toma conta do país.

 

Ouça o comentário de Paulo Passarinho:

 

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