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Os parlamentares do PSB e do PDT, que traíram a orientação partidária na votação da reforma da Previdência e foram favoráveis ao texto da equipe econômica de Paulo Guedes, deixaram as respectivas legendas em um dilema. Uma punição terminativa como a expulsão pode servir como uma forma de ‘premiação’, já que os políticos carregam seus mandatos para o partido que bem desejarem.
Por outro lado, caso não haja severidade no tratamento daqueles que contrariaram a determinação das siglas, pode-se criar o simbolismo de uma desmoralização das legendas. Ambas as siglas devem definir a situação dos deputados federais apenas após a votação da revisão das regras das aposentadorias em segundo turno, na Câmara.
Fato é que a falta de identidade político-ideológica é um mal que atinge os políticos ditos da ‘nova geração’, esses que tentam validar posições estapafúrdias evocando independência e impondo posições pessoais às assumidas pelas legendas, esquecendo que foram justamente as estruturas partidárias que os levaram a assumir um posto na institucionalidade.
Foi-se o tempo em que os representantes do povo eram identificados com as legendas a partir de suas convicções. Alguns chegavam a carregar em seu nome nas urnas as siglas dos partidos.
Vivemos dias onde posições ideológicas se põem de joelhos às benesses do capital financeiro. Mandatos viram balcão de negócios nas mãos daqueles que vêem a política não como a forma mais nobre de se mudar a realidade de um país, mas como a chance de alavancar projetos pessoais e, não raro, espúrios.
Este tipo de fenômeno era mais comum entre as legendas ditas de centro-direita, especialmente naquelas que se diziam social-democratas. Contudo, o vírus da falta de identificação ideológica se espalhou e chegou ao campo da esquerda. Políticos surfam na onda da renovação com a prancha comprada por magnatas do rentismo. É o caso de Tabata Amaral, que teve sua trajetória até o Congresso financiada pelo mega-empresário Paulo Lemann, um dos homens mais ricos do país.
Movimentos que se colocam como suprapartidários, como o Renova BR e o Acredito, carregam em suas hostes, em muitos casos, liberais travestidos de progressistas, aproveitando-se do momento conturbado da política partidária, inundada por denúncias de malfeitos. Há também os que se apresentam como avessos à política, os famosos outsiders, e acabam angariando apoio da parcela enraivecida com as práticas criminosas de alguns.
O ideal trabalhista, por exemplo, defendido por Leonel Brizola quando da fundação do PDT, foi enterrado com o voto dos oito parlamentares do partido por uma medida que ataca o direito à aposentadoria das classes mais baixas no espectro econômico da nossa sociedade.
A esquerda não faz mais políticos como antigamente.
Ouça o comentário de Anderson Gomes: