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A melhor defesa é o ataque, dizem por aí. Me parece que foi isso que predominou na decisão da juíza de Curitiba, que ontem decidiu pela transferência de Lula para São Paulo. A rigor, o que vem acontecendo é que os procuradores e juízes envolvidos na chamada operação Lava Jato estão na berlinda, tudo por conta das revelações do Intercept Brasil que expuseram as conversas absolutamente irregulares de Sergio Moro, de procuradores da Lava Jato e compromete a própria legitimidade de uma decisão que sempre foi questionável.
Afinal de contas, Lula teria de fato cometido algum crime naquele episódio do chamado triplex do Guarujá? Essa é uma dúvida que percorre inúmeros escritórios de advocacia e mesmo segmentos do próprio Poder Judiciário. Há muitas dúvidas nesse rumoroso processo que acabou por inviabilizar, inclusive, a própria candidatura de Lula à Presidência da Pepública em um momento em que ele era, de acordo com pesquisas de opinião, o candidato favorito dessa disputa.
Mas ocorre que, atendendo a um pedido da Polícia Federal, a juíza responsável pelas execuções penais em Curitiba determinou a transferência de Lula. Na sua decisão, ela menciona pedidos anteriores da defesa do ex-presidente, mas que no caso não tinham nenhum cabimento. A pressão era mesmo da Polícia Federal. Aí é que a coisa se complica porque a Polícia federal é subordinada a Sergio Moro, e Sergio Moro é um daqueles que se encontram na berlinda por conta das revelações do Intercept Brasil.
Bem, frente à decisão, evidentemente a defesa de Lula recorreu e, principalmente, houve uma mobilização dentro da própria Câmara dos Deputados. Ainda pela manhã, uma comissão pluripartidária foi até Antônio Dias Toffoli e pediu claramente a interferência do presidente do Supremo, que chegou, inclusive, de acordo com as notícias que estão nos jornais de hoje, a cogitar de monocraticamente sustar a decisão da juíza de Curitiba. Porém, seus pares dentro do Supremo Tribunal Federal acabaram sugerindo que o caso fosse levado para o plenário, e do plenário essa decisão foi derrubada por 10 votos a um.
É um resultado, frente às divisões existentes dentro do Supremo hoje em relação à operação Lava Jato, de alguma maneira acachapante e desmoralizando principalmente a tentativa de transferência de Lula. A grande questão que se coloca neste momento é como que irão se dar os desdobramentos desse caso. Proximamente haverá apreciação de um habeas corpus para conceder liberdade a Lula, em um momento em que, mais do que nunca, é a operação Lava Jato, são seus procuradores e o próprio ex-juiz Sergio Moro que se encontram na berlinda, e expostos inclusive à apreciação de todo país em relação às suas condutas claramente parciais, e onde mostram um furor tremendo no sentido de comprometer, punir e manter na prisão o ex-presidente Lula.
Ouça o comentário de Paulo Passarinho: