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Editorial – 10.09.2019

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Enquanto a oposição traça seus planos, principalmente a oposição dita de esquerda, para uma unificação visando às eleições municipais do próximo ano, para Câmara de Vereadores e Prefeituras, os bolsonaristas vão agindo, principalmente, através da própria família do presidente. Ontem o Carlos Bolsonaro, conforme é destaque nos noticiários, filho do presidente e vereador aqui pelo Rio de Janeiro, se manifestou em uma rede social e defendeu que ‘por vias democráticas a transformação que o país quer não acontecerá na velocidade que almejamos’.

 

Isso no mesmo dia que o outro filho do presidente posou ao lado de Jair Bolsonaro no hospital simplesmente com uma pistola na cintura. Trata-se do senhor Eduardo Bolsonaro. Ele é deputado federal, inclusive o pai cogita indicar esse cidadão para a Embaixada do Brasil nos Estados Unidos, diz que o filho tem ótimas relações com Donald Trump. Pode ser de interesse realmente da família Bolsonaro esse tipo de indicação, para o país é um verdadeiro absurdo, até porque a qualificação desse rapaz parece não ultrapassar seu amor pelas armas.

 

A grande questão é que em meio à profunda crise institucional que vivemos, é necessário talvez a oposição ser um pouco mais audaciosa, afinal de contas os riscos à democracia estão em curso e, evidentemente, não se referem a essas ameaças do filho do presidente em relação à democracia, se referem a nossa soberania nacional.

 

O processo de privatizações que está em curso, aliás começou lá atrás no governo de Dilma Rousseff, no seu segundo mandato, com a destruição da Petrobras, com a permissão daquela revisão do balanço da empresa que acabou consubstanciando um prejuízo contábil artificial, mas que deu base para Aldemir Bendine e Dilma Rousseff iniciarem o tal processo de desinvestimentos dentro da maior empresa brasileira, venda de ativos, venda de patrimônios, para fazer frente a uma suposta situação pré-falimentar da maior empresa brasileira, um verdadeiro absurdo.

 

O problema é que, desde então, estamos em risco sim, é o nosso presente e o nosso futuro que vão sendo entregues na bacia das almas, comprometendo completamente a capacidade do Brasil pensar um projeto de desenvolvimento próprio adequado às nossas necessidades, de acordo com as enormes carências que temos e que exigiria que o Estado, tendo à frente iniciativas, fizesse um amplo processo de mudanças, principalmente em termos da abertura de um conjunto de projetos que viessem a estruturar o nosso país.

 

Precisamos de estradas, de obras de saneamento, precisamos de casas populares, precisamos de uma reforma agrária para valer, por isso temos todas as condições de pensarmos um projeto de desenvolvimento diferente desse que está em curso no Brasil, se é que existe algum processo de desenvolvimento, a não ser, evidentemente, para bancos e multinacionais que nadam de braçada em meio a essa crise que, desde 2015, vem transformando o Brasil em um verdadeiro inferno.

 

Por isso, há muito que fazer, muito além das perspectivas eleitorais de 2020, mas é evidente, existem inimigos no caminho e hoje o inimigo principal encontra-se principalmente no Poder Executivo, mas com amplos apoios do Poder Judiciário e do alto comando do Exército, conforme temos destacado, mas a oposição de esquerda parece desconsiderar essas questões e aposta nas eleições municipais e, possivelmente, nas próximas eleições presidenciais de 2022.

 

É uma opção, a grande questão é que o risco é imenso. A voracidade com que o Bolsonaro, o Paulo Guedes e toda essa turma que tomou de assalto em eleições irregulares o Palácio do Planalto precisa ser detida e não será simplesmente através de um processo eleitoral cada vez mais controlado pela mídia dominante e pelo dinheiro das empresas que iremos encontrar um caminho pra resolver os problemas estruturais e políticos do nosso país. Por isso, confesso que me encontro muito pessimista com esse quadro.

 

As provas de irregularidade, de ilicitudes de Bolsonaro, de sua família e de seus assessores mais próximos são inúmeras. Era necessário deflagrar um processo amplo e irrestrito de questionamento da legalidade desse governo, mas parece que o caminho é outro. Teremos de aguardar novas manifestações, novos processos eleitorais e a disputa dentro das regras do jogo. Regras do jogo cada vez mais controladas por uma minoria que não tem o menor compromisso com o Brasil, com o nosso presente e muito menos com o nosso futuro.

 

Ouça o comentário de Paulo Passarinho:

 

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