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Editorial – 25.09.2019

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O presidente Jair Bolsonaro deu mais uma demonstração do show de horrores que é a sua gestão à frente do país, dessa vez em palanque internacional, no discurso de abertura da Assembleia Geral da ONU, em Nova Iorque. A fala do ex-capitão do Exército superou em muito as piores expectativas dos analistas de política e pode provocar problemas à diplomacia brasileira, historicamente respeitada até então.

 

O cardápio de críticas do ex-capitão do Exército foi amplo, começou com seus alvos preferenciais, Cuba e Venezuela, passou pelos povo originários, com ofensas até mesmo ao cacique Raoni, mundialmente respeitado, e chegou a uma suposta tentativa de interferência à soberania do nosso país no que diz respeito às queimadas na floresta amazônica, um recado claro ao presidente francês Emmanuel Macron.

 

Nós falaremos muito sobre as declarações de Bolsonaro na ONU durante o programa de hoje, mas como editorial, gostaria de fazer a leitura da análise do nosso comentarista aqui no programa, o professor da UFRJ e ex-deputado Chico Alencar, a respeito da participação do presidente brasileiro em Nova Iorque. O título do texto é “Bolsonaro na ONU: 3 M’s”:

 

Mediocridade, mentira, miséria intelectual. Difícil enumerar as falsidades que Bolsonaro pronunciou em sua fala na assembleia da ONU, para vergonha do país. O homem não parece ter percebido que a Guerra Fria acabou. Destaco alguns de seus absurdos:

 

  1. Salvou o Brasil, “que estava à beira do socialismo” (?!?!)

 

  1. Negou problemas na Amazônia, “que está praticamente intocada”. Não falou de qualquer medida concreta contra o desmatamento, pois só existem “queimadas espontâneas, e algumas criminosas, feitas pelos próprios índios e população local”. Tudo não passa de “mentira da mídia sensacionalista nacional e internacional”;

 

  1. Condenou a perseguição religiosa “a pastores, cristãos e outros”, omitindo os graves e crescentes ataques no Brasil à religiões de matriz africana;

 

  1. Tentou jogar os povos indígenas uns contra os outros, dizendo que “acabou o monopólio do cacique Raoni, usado por estrangeiros”, e lendo documento de uns certos “agricultores indígenas”;

 

  1. Exortou a exploração das riquezas minerais em áreas demarcadas e preservadas, afirmando (com ignorância antropológica inédita na ONU), que “índio não pode ser latifundiário pobre em terra rica”;

 

  1. Afirmou que os médicos do Mais Médicos eram “agentes para implantar aqui a ditadura cubana”;

 

  1. Disse que seu governo está reduzindo a violência e respeitando os direitos humanos, citando “expulsão de terroristas” e processos contra “antecessores socialistas”, mas omitindo a terrível letalidade – inclusive de crianças – que nos atinge;

 

  1. Reafirmou seu “combate à corrupção”, esquecendo de milícias, Queiroz, laranjas do PSL, nepotismo e que tais;

 

  1. Atribuiu a si acordos comerciais – como Mercosul-UE – que foram gestados longamente por governos anteriores;

 

  1. Elogiou nominalmente dois governantes: Trump e Macri, e um governo, Israel. Todos envolvidos em sérias crises e grande baixa de popularidade…

 

Sobre desigualdade social, novas matrizes energéticas, contenção do armamentismo, geração de empregos, ordem tributária mais justa, crise urbana das megacidades, deficiências na educação e na saúde, negociação e paz internacional… NADA! O “mundo” dele não comporta essas graves questões. Vergonha!”.

 

Ouça o comentário de Anderson Gomes:

 

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