O Senado promete votar hoje tanto na sua Comissão de Constituição e Justiça, como no próprio plenário, a Emenda Constitucional da Previdência, essa chamada contrarreforma da Previdência, um ataque à seguridade social do país, já aprovada na Câmara. O Senado promete agora, depois de idas e vindas, acelerar o processo de votação. Ao mesmo tempo, o presidente do Senado articula com os governadores a partilha de todos os recursos que serão amealhados no megaleilão que será realizado em novembro próximo a respeito daquelas áreas que pertenciam à Petrobras através daquele processo da chamada cessão onerosa.

São áreas onde o risco é zero, a Petrobras já avançou nas prospecções e na própria identificação da segurança em termos de retorno aos investimentos dessa área de produção, e nesse sentido o apetite das petroleiras internacionais é imenso, já há o credenciamento de um conjunto de empresas estrangeiras que se interessam evidentemente por essa área. São áreas como, por exemplo, de Saturno, que a Chevron, por exemplo, tem um interesse muito elevado.

Ao mesmo tempo, tivemos no dia 28 a quinta rodada de partilha de produção feita pela Agência Nacional de Petróleo, e teve os quatro blocos oferecidos arrematados. Foram os blocos de Saturno, Titã, Pau-Brasil e Sudoeste de Tartaruga Verde. A respeito disso, a FUP fez uma denúncia importante e apontou que, como já era previsto, as petrolíferas estrangeiras fizeram a festa nessa quinta rodada do pré-sal. Arremataram mais de 90% dos 17,39 bilhões de barris de petróleo que foram leiloados.

Ao se fazer a equivalência entre os R$ 6,82 bilhões de reais que o governo arrecadou em bônus de assinatura e o valor atual do barril de petróleo, chega-se a uma bagatela de R$ 0,34 o preço médio pago por cada barril do pré-sal leiloado. Todos os quatro blocos ofertados pela MP no leilão dessa sexta-feira foram arrematados em questão de minutos.

A britânica Shell e a norte-americana Chevron levaram sozinhos o bloco de Saturno, na Bahia, na bacia de Santos, o mais valioso, com reservas estimadas em 8,3 bilhões de barris de petróleo. A ExxonMobil, a BP, do Reino Unido, a empresa chinesa CNOOC, QPI, do Catar, e a Ecopetrol, da Colômbia dividiram os outros dois blocos da bacia de Santos, que são Titã e Pau-Brasil, enquanto a Petrobras se contentou com o bloco de Tartaruga Verde, na bacia de Campos, os menos disputados.

Ao todo, 13 multinacionais já se apropriaram de reservas equivalentes a 38,8 bilhões de barris de petróleo de um total de 51,83 bilhões de barris que foram leiloados. Juntas, essas empresas concentram hoje 75% das reservas onde são operadoras em seis dos 14 blocos licitados. Por isso, nós apontamos junto com o mega leilão da área da sessão onerosa, um negócio de ouro para os petroleiros, estamos simplesmente entregando uma riqueza que foi descoberta pela Petrobras, pelos nossos engenheiros, pelos nossos trabalhadores da área petrolífera, e isso representa, evidentemente, um retrocesso imenso.

É o aprofundamento do Brasil subalterno, dependente, do Brasil que queremos transformar, mas para isso será necessário muita luta. O que está em curso nesse momento é o desmonte social e produtivo do país, e é por isso que o dia 3 de outubro, dia de aniversário da Petrobras, um dia de luta que será realizado depois de amanhã, é muito importante.

É necessária a unidade todos os setores da sociedade brasileira que percebem esse cerco que a nossa nação está sofrendo e, principalmente, dos interesses dos financistas, de empresas estrangeiras, de governos estrangeiros em relação às nossas riquezas. É necessário que a gente desperte para esse momento gravíssimo que estamos vivendo e, através da luta, tentemos alterar esse jogo, principalmente a favor do nosso futuro, dos nossos filhos e de toda uma perspectiva de um país independente que o Brasil não pode, de jeito nenhum, abandonar.

Ouça o comentário de Paulo Passarinho: