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Nossa edição de hoje do programa Faixa Livre vai se reportar principalmente em relação a questões internacionais relevantes. O Peru mergulha em uma crise institucional bastante profunda, mas é no Equador que principalmente nos vêm as notícias a respeito de uma verdadeira rebelião, especialmente dos povos indígenas contra o mandonismo do Governo Central daquele país, novamente sacudido por crises relacionadas à questão do petróleo.
O professor Bernardo Kocher irá conversar conosco sobre essas questões e, principalmente, sobre essa vitória expressiva do Partido Socialista, do Partido Comunista, dos Verdes e do bloco de Esquerda nas eleições portugueses. Mas a grande questão que aqui vou comentar com vocês é a respeito das reações do senhor Jair Bolsonaro e do seu chefe da secretaria de Comunicação Social, Fabio Wajngarten, que defenderam um boicote publicitário à mídia após uma reportagem do jornal Folha de S. Paulo vincular o suposto esquema de candidaturas laranja do PSL em Minas Gerais à própria campanha presidencial de Bolsonaro no ano passado.
Em uma postagem ontem à noite em suas redes sociais, na qual acusa o jornal de ter descido às profundezas do esgoto e ter se transformado em panfleto ordinário às causas dos canalhas, Bolsonaro rejeitou o teor da reportagem e concluiu com uma insinuação: “O que mais me surpreende são os patrocinadores que anunciam nesse jornaleco”.
O senhor Wajngarten, por sua vez, tocou no assunto e fez a sugestão de boicote a quem, no seu entender, publica manchetes escandalosas: “Parte da mídia ecoa fake news, ecoa manchetes escandalosas, perdeu o respeito, a credibilidade e a ética jornalística. Que os anunciantes que fazem a mídia técnica tenham consciência de analisar cada um dos veículos de comunicação para não se associarem a eles, preservando suas marcas”, teria denunciado o chefe da Secretaria de Comunicação Social do Palácio do Planalto.
Isso mostra muito bem que, a rigor, existe hoje um processo de profundo desgaste do governo Bolsonaro, mas esse desgaste se encontra principalmente situado nas relações com a própria imprensa corporativa, é o exemplo do jornal Folha de S. Paulo e de outros veículos que vêm sendo atacados por Bolsonaro, bem como com uma própria base parlamentar, a maior parte inclusive tendo votado no Bolsonaro.
Essa base parlamentar, instada inclusive pelos governadores estaduais, tem procurado tirar proveito da discussão a respeito da contrarreforma da Previdência, exigindo que, a rigor, para que o texto seja aprovado em segundo turno no Senado, avance-se principalmente sobre os recursos do chamado megaleilão da área de cessão onerosa que pertencia à Petrobras.
Os governadores de estado, asfixiados pelo Governo Federal, pressionam o próprio Governo Federal em torno dessa matéria que é relevante aos interesses do Palácio do Planalto, que são as mudanças nas regras previdenciárias, um ataque violentíssimo a direitos dos trabalhadores e, principalmente, de todos os brasileiros, e que na verdade agora está como um objeto de disputa entre esses interesses imediatos dos governadores, que precisam de mais recursos, e a prioridade que o governo dá para aprovação dessa matéria.
É nesse contexto que deve se entender o ataque de Jair Bolsonaro e desse seu assessor importante à imprensa, em uma situação onde é forçoso reconhecer que é essa imprensa que dar plena cobertura ao programa econômico de Bolsonaro, esse sim um atentado à Constituição, aos direitos dos trabalhadores e à soberania nacional. Portanto, é briga de branco, é Bolsonaro contra essa mídia corporativa que, na prática, é o principal sustentáculo de um conjunto de ações que afetam nossa soberania nacional, nossos direitos e, na prática, rasgam a Constituição.
Portanto, mais do que nunca, são criadas condições para que a oposição possa avançar no sentido de construir uma estratégia de ataque a Bolsonaro e de derrota desse governo antinacional e antipopular. Nesse sentido, chamo a atenção para a próxima entrevista que faremos aqui, abrindo o programa de hoje, com o presidente da Central Única dos Trabalhadores aqui do Rio de Janeiro. A CUT abre seu Congresso Nacional e vamos ouvir o seu dirigente aqui do Rio de Janeiro no esforço de entender quais são as tarefas que a Central Única dos Trabalhadores coloca no seu horizonte próximo para turbinar uma luta contra um governo que precisa ser derrotado. Essa é a questão central que se coloca nos dias de hoje.
Ouça o comentário de Paulo Passarinho: