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Editorial – 31.10.2019

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O caso do mistério a respeito de como Elcio Queiroz, o suposto motorista do atentado que vitimou Marielle Franco, teria entrado no condomínio onde mora Ronnie Lessa, o suposto assassino de Marielle Franco, sofreu uma reviravolta tremenda a partir do dia de ontem. O Procurador-Geral da República inclusive aceitou o pedido do ministro da Justiça e arquivou as informações sobre essa suspeita do Elcio Queiroz ter entrado nesse condomínio através de uma autorização que partiu da casa de Jair Bolsonaro.

 

Jair Bolsonaro mora curiosamente no mesmo condomínio desse suspeito de ter sido executor da vereadora Marielle, o Ronnie Lessa. É muito estranha essa história porque o próprio cronograma apresentado pelo jornal O Globo para esse caso joga algumas luzes sobre essa situação que foi gerada ontem. Pelo seguinte, no dia 4 de outubro, o Ministério Público pediu à Justiça uma operação de busca e apreensão na portaria do condomínio. O novo interesse pela planilha de controle de entradas se deu apenas meses depois, segundo o Ministério Público, pela demora dos investigadores em conseguir acessar o conteúdo do celular de Ronnie Lessa aprendido em março, na sua prisão.

 

Houve pedido à Justiça para quebra de sigilo telefônico e necessidade de superar o bloqueio por senha. Ao encontrar a mensagem da mulher de Lessa a ele em janeiro, o Ministério Público pediu a busca, que aconteceu no dia seguinte. Essa explicação por si só é bastante precária, afinal de contas não seria necessário descobrir o que estava dentro do telefone de Ronnie Lessa para uma investigação mais cuidadosa por parte das autoridades na portaria do condomínio que ele morava.

 

Mas os mistérios não param por aí. No dia 7 de outubro, segundo o cronograma, dois dias depois da planilha ser apreendida no condomínio, o síndico do próprio condomínio procurou voluntariamente o Ministério Público para avisar que, além das anotações do porteiro, havia também registros de áudio das conversas por interfone. Ele entrega o áudio ao Ministério Público. Nesse mesmo dia 7, o porteiro foi ouvido pela primeira vez pela polícia, daria o segundo depoimento dois dias depois. Diante da nova análise da planilha apreendida, já no dia 10 de outubro, aponta o cronograma, na qual estava escrito que ele se dirigiu à casa 58 de Jair Bolsonaro, o Ministério Público do Rio enviou o caso ao Supremo.

 

É muito estranho o Ministério Público ter tomado essa iniciativa sem ter checado os áudios que estavam nas mãos do Ministério Público desde o dia 7. Mais incrível ainda é que apenas ontem o Ministério Público do Rio tenha recebido o resultado da perícia dos áudios do condomínio. Esses áudios provam que quem autorizou a entrada de Elcio Queiroz no condomínio foi o próprio Ronnie Lessa, e não alguém na casa de Bolsonaro, como afirmou o porteiro em dois depoimentos à Polícia Civil. O que chama atenção é o seguinte, o que levou esse porteiro por duas vezes consecutivas a confirmar que ele teria ligado para a casa do Jair Bolsonaro a pedido do próprio Elcio Queiroz?

 

São muitos equívocos ao mesmo tempo. Por outro lado, ontem de manhã, apesar desses áudios sobre perícia, porque o Ministério Público só revelou o conteúdo dessa perícia ontem mesmo, mas apesar disso, ontem também um dos filhos de Bolsonaro, o Carlos, morador do condomínio, teria tido acesso a esses áudios e confirmado o que posteriormente o Ministério Público afirmou. Francamente, tem muita história que precisa ser melhor explicada em todo esse caso. O que não é possível acreditarmos é que esse porteiro tenha se equivocado por duas vezes consecutivas em depoimentos à polícia.

 

Mais que isso, ele fez anotações a mão que indicavam que naquele dia o senhor Elcio Queiroz entrou de fato no condomínio a partir de uma consulta que foi realizada diretamente na casa de Jair Bolsonaro. Portanto, convenhamos, foi muito rápida essa reviravolta do caso sem que haja explicações adequadas para tanta confusão. Afinal de contas, que polícia é essa, que Ministério Público é esse, como tomam providência de levar esse caso inclusive ao Supremo sem ter a confirmação de que a própria informação do porteiro, junto com a perícia do Ministério Público, poderia desmentir o próprio porteiro? Francamente, tem muita explicação a ser dada pela polícia, pelo Ministério Público e, convenhamos, pelo próprio porteiro.

 

Ouça o comentário de Paulo Passarinho:

 

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