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Editorial – 19.11.2019

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Amanhã se comemora o dia da Consciência Negra. É importante que todos nós venhamos a colocar a mão nas nossas respectivas consciências, afinal de contas estamos no país que se transformou durante séculos no principal mercado de comercialização da mão-de-obra escrava, da mão-de-obra negra. As consequências desse processo longo no nosso país estão presentes até hoje de forma dramática entre todos nós.

 

A escandalosa desigualdade que temos no Brasil chama atenção do mundo, ela tem cor, e essa cor é a cor preta, é a cor da escravidão, a cor de séculos onde a civilização branca, tendo à frente a Igreja Católica, controlou o nosso território, principalmente nos transformou em uma enorme fazenda produtora de algodão, de açúcar, de café, de ouro, de mercadorias que eram essenciais durante, inclusive, os séculos que criaram as condições para o chamado formidável capitalismo europeu.

 

Aqui dentro do Brasil, ficamos com um passivo social e econômico gigantesco. Em fins do século XIX, tivemos uma dita abolição da escravatura, uma abolição que foi combinada, na verdade, com políticas muito claras de exclusão da população negra, inclusive impedindo essa população que tivesse acesso à terra.

 

A terra que poderia justamente criar circunstâncias para não somente melhores condições de vida para a população negra, mas essencialmente pudesse criar melhores condições para o próprio desenvolvimento econômico do país, com a multiplicação de milhões de proprietários rurais, mas qual o quê, nossas elites brancas preferiram a importação de mão-de-obra pobre que veio da Europa justamente para substituir a tal da mão-de-obra escrava, e o que temos observado desde então é o acúmulo das injustiças, da exclusão e da violência contra a população negra que se constitui a esmagadora maioria da nossa população pobre.

 

Por isso, mais do que nunca, nesse 20 de novembro nós não somente devemos fazer nossas referências e reverencias a Zumbi, mas principalmente olhar a realidade. Como podemos, de fato, enfrentar essa chaga de exclusão que tem cor? Evidentemente isso seria apenas possível através de políticas que reestruturassem o nosso país, democratizassem a renda e a riqueza, mas principalmente tivessem o aprofundamento de políticas afirmativas que colocassem em alto e bom som a necessidade de um compromisso histórico da sociedade brasileira com aqueles que majoritariamente construíram a nação brasileira, porque é disso que falamos.

 

A nossa classe operária, a nossa classe trabalhadora também tem cor e é justamente a mais penalizada por um sistema absolutamente iníquo e, especialmente, desumano que continuamos a alimentar no nosso dia-a-dia. Temos um dos países mais ricos do mundo e, combinando com isso de forma paradoxal, um dos povos mais maltratados e empobrecidos de toda a Terra. Por isso, mais do que nunca, esse dia 20 de novembro deve ser um marco da luta por uma libertação que não será somente do povo negro, será do próprio Brasil.

 

Ouça o comentário de Paulo Passarinho:

 

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