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Os dados que vêm sendo revelados pelo próprio governo de forma oficial demonstram um tremendo paradoxo com a cobertura jornalística que observamos principalmente nos últimos meses do ano passado. Na sexta-feira, ainda durante a nossa edição, tivemos oportunidade de divulgar para vocês o novo dado do IBGE com a inflação do ano de 2019, que fechou em 4,31%, acima inclusive dos 4,25% fixados como meta pelo Conselho Monetário Nacional, na verdade pelo próprio Banco Central e sua política de metas de inflação. Durante muito tempo, inclusive, a propaganda é que nós teríamos uma inflação nesse ano muito abaixo da meta.
O resultado acabou sendo bastante frustrante tanto para essas estimativas, quanto principalmente para quem gosta de badalar o sucesso da política do senhor Guedes e do senhor Bolsonaro, mas o problema não é só esse. O problema é que a produção industrial vem caindo e o crescimento econômico, mais uma vez, fecha o ano de maneira muito aquém daquilo que nós poderíamos e precisaríamos para reativar a economia, especialmente no tocante à geração de emprego, aliás esse é outro ponto absolutamente preocupante. Não só a massa de desempregados, desalentados, pessoas subempregadas cresce, como a renda dos trabalhadores é muito aviltada, ainda mais em um contexto de alto endividamento e que não toca apenas as famílias, esse endividamento hoje é quase uma característica das pequenas e médias empresas.
Quem ganha muito dinheiro, evidentemente, são aqueles que têm mais poder econômico, os grandes monopólios, grandes grupos, que inclusive vêm adquirindo, através de fusões e aquisições, novos negócios. É isso, a economia se concentra e são justamente os mais fortes que acabam tendo uma tremenda vantagem. Enquanto isso, os trabalhadores vão perdendo, inclusive aqueles trabalhadores que ainda têm renda para ser tributada. O Sindicato dos Auditores Fiscais da Receita Federal, o Sindifisco, apresentou um estudo a partir dessa divulgação da inflação de 4,31% no ano de 2019, e esse estudo mostra que existe hoje uma defasagem acumulada de 103,87% da tabela do Imposto de Renda.
Isso significa que se a tabela estivesse atualizada, a faixa salarial para cobrança do tributo, que hoje atinge quem ganha acima de R$ 1903 por mês, subiria para R$ 3881, deixando isentos todos os que recebem até esse valor por mês. A alíquota máxima de 27,5% aplicada hoje à renda tributada superior de R$ 4664, só incidiria em valor acima de R$ 9564. O estudo foi feito considerando a evolução dos reajustes e dos resíduos anuais da tabela desde 1996. Desde abril de 2015, a tabela do Imposto de Renda não é corrigida.
Aliás, essa era uma questão que Bolsonaro anteriormente falava, na absoluta necessidade de atualização dessa tabela, mas eu duvido que agora, sob sua responsabilidade e com o concurso do senhor Paulo Guedes, nós possamos ter algum tipo de novidade nessa área. É mais uma frustração em relação às palavras do próprio deputado Bolsonaro e a crise apenas continua sem uma alternativa para o Brasil e sem alternativa para milhões de trabalhadores, principalmente pobres e miseráveis que passam cada vez mais a viver em condições muito precárias e onde nós apenas achamos que existe um equívoco completo na condução da política econômica, social de um país que é riquíssimo.
Nós precisamos refletir sobre isso, qual é o paradoxo de nos encontrarmos todos essas imensas potencialidades que o país tem para conferir bem-estar, justiça e igualdade entre todos nós.
Ouça o comentário de Paulo Passarinho: