Preencha os campos abaixo para submeter seu pedido de música:

Editorial – 16.01.2020

Compartilhe:
editorial_1170x530

Apesar de todo o otimismo que a mídia dominante cobriu o final do ano passado em termos econômicos, com notícias absolutamente falsas a respeito de um bom comportamento da economia, nós aqui no programa Faixa Livre, através dos nossos comentaristas, estamos alertando que a situação não é nada confortável. E agora, já no início do ano, começaram a surgir as informações, os dados oficiais, e ontem surgiu mais um: os estrangeiros, que tinham muitas aplicações na Bolsa de Valores, fizeram retiradas muito fortes ao longo do ano passado e apenas nesses 10 primeiros dias de 2020, a retirada já chegou a R$ 4,6 bilhões, e isso, evidentemente, deveria fazer com que as autoridades econômicas ficassem atentas e não destilassem esse falso otimismo que todo ano, de alguma maneira, tem lugar.

 

As estimativas são sempre positivas, mas ao longo do ano, as projeções vão sendo refeitas e a realidade vai batendo ao olhar de qualquer um e, principalmente a situação cria maiores dificuldades para a própria administração econômica e, principalmente, no dia-a-dia do trabalhador que já se defronta com muitos anos de recessão e estagnação e que se traduz no seu dia-a-dia na deterioração das condições dos serviços públicos no Brasil e, principalmente, na área de emprego.

 

Todos nós sabemos como hoje é difícil um brasileiro arrumar um emprego digno, de carteira assinada e com salários adequados. Agora surge mais uma informação, o Instituto Fiscal Independente, de acordo com o jornal Valor Econômico, detecta um avanço no chamado déficit da nossa conta-corrente. Temos também chamado a atenção através de nossos comentaristas sobre essa questão. O déficit nas contas-correntes é o resultado de todas as transações em termos comerciais e de serviços do Brasil com o exterior

 

É importante olhar esse indicador porque o Brasil não produz dólares. Se estamos tendo prejuízos nessa conta, nesses relacionamentos, tanto na esfera comercial, como na esfera de serviços para o exterior, é sinal que temos de compensar esse tipo de desequilíbrio através, principalmente, da atração de recursos que entram no Brasil, inclusive para aquisição dos nossos ativos. Não é à toa que o governo coloca como uma prioridade a venda de patrimônio estatal, por exemplo. É uma maneira de atrair recursos.

 

Outra maneira de atrair recursos é incrementar as captações de recursos de filiais de multinacionais brasileiras junto às suas matrizes, mas tudo isso significa que, no futuro, nós teremos de pagar em moeda forte, em geral em dólares, para esses que entram aqui no país para ter lucro, estrangeiros, evidentemente. Há um problema sério, o Brasil estruturalmente possui um déficit na sua conta de serviço justamente por conta da nossa dívida externa eterna, hoje em dia principalmente concentrada em empresas privadas, bem como outros encargos do país, como pagamento de royalties ou a transferência de lucros e dividendos para o exterior, uma consequência da participação dos estrangeiros na nossa economia.

 

Por isso, a tal da balança comercial, ou seja, a diferença entre aquilo que a gente exporta e importa, é muito importante para o país porque é aí que poderemos ter lucro em dólares. O que acontece é que com a desindustrialização brasileira, cada vez mais nós temos uma conta da despesa das importações muito fortes. Nossa própria indústria, para funcionar, depende de muitas peças e componentes que são importados, e essa é uma das razões que levam que sucessivos governos apostem todas as suas fichas para a elevação do superávit comercial no chamado agronegócio, que, por sua vez, também apresenta seus problemas.

 

Não à toa, de tempos em tempos temos sempre aquelas anistias fiscais para o setor rural e isso vai fazendo com que sucessivos governos empurrem para a frente um problema estrutural do Brasil, que é nossa vulnerabilidade externa.

 

Sem uma política industrial forte, que faça com que o país recupere o vigor industrial e, principalmente, sem uma política de fortalecimento do nosso mercado interno que poderia, aí sim, fazer com que o Brasil ganhasse graus de produtividade maior e uma escala de produção que nos garantisse condições de produção adequada dentro do Brasil, será muito difícil superar esse problema da chamada vulnerabilidade externa, que, recorrentemente, se coloca como um problema para os administradores da economia brasileira, conforme novamente está sendo colocado agora, só que, neste momento, a questão é mais delicada ainda

 

Estamos em um contexto internacional onde, para muitos, pode advir a qualquer momento uma nova crise financeira, o que irá agravar ainda mais o drama da economia brasileira, que continua subdesenvolvida, dependente e subalterna a decisões que fogem à nossa competência simplesmente por uma opção absolutamente irresponsável das nossas elites que não assumem o nosso Brasil, se contentam com uma posição de subordinação aos centros financeiros e econômicos do mundo capitalista, uma verdadeira deformação para um país que tem tudo para pensar o seu próprio futuro em função das não essas imensas prerrogativas favoráveis à produção tanto em termos de território, como em termos de riqueza, como em termos, principalmente, da esmagadora maioria do povo brasileiro trabalhador, a nossa maior riqueza

 

Ouça o comentário de Paulo Passarinho:

 

Deixe seu comentário:

Apoie o Faixa Livre:

Apoie o Faixa Livre:

Baixe nosso App

Baixe nosso App

Programas anteriores