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Meu comentário hoje vai se dar em torno de uma matéria do Financial Times, lá de sua sucursal de Pequim, justamente por conta de todas as estimativas e projeções que começam a ser feitas em decorrência da epidemia do coronavírus na China. Os líderes chineses, de acordo com a matéria, se preparam para enfrentar um forte impacto no crescimento econômico do país no primeiro trimestre, no momento em que o letal coronavírus deprime o consumo, as viagens e a produção da indústria.
Além disso, o feriado do ano novo lunar foi prorrogado até a semana que vem. O vírus que se originou na cidade chinesa de Wuhan, no centro do país, levou as autoridades a cancelar em toda a China os eventos de comemoração ao ano novo lunar, que começou no sábado e normalmente se estende por uma semana. Até ontem, o coronavírus tinha matado ao menos 81 pessoas e contaminado mais de 2.900, o que levou as autoridades a impor um confinamento sem precedentes a uma população de cerca de 50 milhões de pessoas em 17 cidades na região de Wuhan, na Província de Hubei.
Xangai, capital financeira da China, determinou que as empresas não retornem as suas atividades antes do dia 10 de fevereiro, enquanto o polo industrial de Suzhou adiou a volta de milhões de trabalhadores migrantes por uma semana. Suzhou é um dos maiores polos industriais, onde tem fábricas de empresas como a Foxconn, terceirizada na produção do iPhone, a Johnson & Johnson e a Samsung. O que chama atenção para as autoridades quanto às consequências econômicas do surto é o fato de o órgão regulador chinês do setor bancário de seguros ter anunciado medidas destinadas a ajudar empresas afetadas pela crise.
Por esse programa, as empresas receberão apoio por meio de medidas como encorajar uma adequada redução das taxas de juros sobre empréstimos, aprimorar as providências para políticas de renovação de financiamentos e aumentar os empréstimos de médio prazo e de crédito bancário, disse ontem a comissão reguladora do setor bancário da China. O petróleo caiu para menos de US$ 60 o barril pela primeira vez nesse ano, após autoridades terem advertido para a aceleração da disseminação do vírus. O momento em que o surto ocorre representa uma dupla ameaça para os líderes em Pequim, que estão sofrendo pressões mundiais para administrar a crise de uma forma transparente e rápida.
O surto não apenas estourou durante o ano novo chinês, quando as pessoas fazem bilhões de viagens para visitar familiares, como também ocorreu em um momento em que o país registra sua taxa mais baixa de crescimento econômico dos últimos 30 anos. É dentro desse quadro que se deve compreender o processo que ontem afetou o preço de commodities de petróleo e bolsas pelos quatro cantos do mundo. Na verdade, existem no momento grandes incertezas sobre as consequências dessa epidemia e, principalmente, como especialmente a economia chinesa, uma espécie de locomotiva atual da economia mundial, irá se comportar. As medidas que são tomadas pelo governo chinês são extremamente duras, severas, e mostram claramente a gravidade do momento. É nesse contexto que a crise mundial se agrava.
Ouça o comentário de Paulo Passarinho: