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Editorial – 11.03.2020

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A crise que tomou conta dos mercados financeiros na última segunda-feira ontem teve, de alguma maneira, uma situação onde muitas bolsas recuperaram parte das perdas e os mercados aparentemente voltaram a uma certa normalidade. Tudo isso por conta de medidas que foram anunciadas principalmente pela União Europeia, como também pelo governo norte-americano. É curioso porque Trump, alguns dias atrás, minimizou a crise, inclusive atribuindo os problemas que estamos observando em vários países, mas que na verdade se constituem em uma epidemia de proporções globais, a rigor há um certo exagero.

 

Aliás, ontem o Bolsonaro como acompanhou senhor Trump, só que o próprio governo americano anunciou medidas principalmente na área fiscal para conter os prejuízos económicos causados pela epidemia e isso fez, inclusive, com que as bolsas reagissem. Mas a grande questão é que Bolsonaro claramente, acompanhando talvez as palavras de Trump alguns dias atrás, ontem minimizou não somente a epidemia do coronavírus, como a própria crise económica.

 

É muito grave isso porque ontem mesmo o Ministério da Saúde do Brasil alertou aos hospitais a respeito de um aumento previsto para as próximas semanas dos casos de coronavírus, e que irá, evidentemente, pressionar os hospitais, os postos de saúde. O Ministério da Saúde está preocupado com essa situação. Não é o caso de Bolsonaro, que continua aprontando das suas. Ele, anteontem, claramente deixou a entender que se os parlamentares desistissem daquela parcela de dinheiro grosso, R$ 15 bilhões, para poderem operar a seu bel-prazer as emendas parlamentares, ele poderia esvaziar as manifestações previstas para o próximo domingo.

 

Logo ele que diz que não tem nada a ver com isso e que essas manifestações nada têm a ver com o Congresso ou com o Supremo Tribunal Federal. Isso faz parte desse jogo político do Bolsonaro de falar uma coisa hoje, desmentir amanhã, sem falar no conteúdo do que esse cidadão diz. O problema é que ele é o presidente da República e, nesse sentido, em um contexto onde os economistas liberais gostam muito de apontar que todos os problemas encontram-se no campo das expectativas, as posições de Bolsonaro realmente não ajudam em nada.

 

O problema é que é essa turma que aponta que a grande questão da crise econômica, especialmente aqui no Brasil, é um problema de confiança, de expectativa, apostam no próprio Bolsonaro para levar à frente a tal agenda de reformas que continua sendo colocada pelo Paulo Guedes como a única alternativa para se enfrentar os efeitos da crise econômica, claramente em uma chantagem em relação ao Congresso, até porque no conteúdo dessas medidas, todas elas, a rigor, não ajudam a enfrentar a crise que está em curso, muito pelo contrário.

 

Nós precisaríamos, nesse momento, fortalecer a capacidade de compra dos trabalhadores e, principalmente, ter investimentos a partir do Estado, mas como fazê-lo com toda essa ordem de austeridade fiscal que predomina no nosso país, não só em função da famigerada Lei de Responsabilidade Fiscal, que, sob o ponto de vista de responsabilidade fiscal, nada representa, e em função da própria Emenda Constitucional 95, que limita o crescimento real dos gastos em áreas fundamentais para a proteção da nossa sociedade.

 

Esse é o quadro brasileiro atual, e onde a oposição, por exemplo, se caracteriza principalmente pelo seu silêncio e incapacidade de não somente fazer uma oposição frontal ao governo de Bolsonaro, como oferecer alternativas para o nosso país no campo da recuperação econômica, da geração de emprego e da distribuição de renda e riqueza. Esse é o impasse principal que vivemos hoje.

 

Ouça o comentário de Paulo Passarinho:

 

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