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Ontem o mundo voltou a sentir os efeitos mais graves da epidemia do coronavírus e, principalmente, os seus reflexos na economia. Os mercados financeiros voltaram a apresentar forte instabilidade, principalmente a bolsa de valores. Tanto ontem, como hoje as bolsas da Ásia apresentam fortes quedas. Trump, por sua vez, que afirmava, assim como Bolsonaro, que essa epidemia estava sendo exagerada, suspendeu inclusive os voos da Europa para os Estados Unidos por 30 dias.
Nesse sentido, vale a pena registrar que ontem também os partidos de oposição na Câmara apresentaram propostas para o país enfrentar a crise e oferecer uma outra alternativa senão esta que está sendo badalada pelo Paulo Guedes, principalmente, e pela mídia dominante em torno das chamadas reformas económicas, que, a rigor, representam um tremendo retrocesso para o país e, mais ainda, nos fragiliza frente aos efeitos dessa crise econômica mundial produzida, entre outras coisas, pelo próprio problema da pandemia do coronavírus. O documento da oposição é o seguinte:
“O agravamento da crise econômica no país, que atinge primeiramente as famílias dos trabalhadores e os mais desprotegidos, exige respostas amplas e emergenciais para retomar o crescimento econômico e responder à tragédia social que estamos vivendo.
A política de cortar brutalmente os investimentos públicos, aplicada de maneira cega nos anos recentes e aprofundada pelo atual governo, teve efeitos perversos para a saúde da população, a educação, a proteção ao meio ambiente e as políticas de proteção social e transferência de renda.
O corte dos investimentos públicos, especialmente na infraestrutura para o crescimento, refletiu danosamente sobre a economia, gerando estagnação e incerteza no lugar de empregos e desenvolvimento que o país tanto necessita.
O Governo Federal falhou totalmente no compromisso de dotar o Brasil de um programa de crescimento sustentável. O país se encontra fragilizado, sem liderança e sem respostas eficazes para enfrentar a retração global provocada pelo coronavírus e as oscilações do mercado de petróleo.
As causas profundas da atual crise brasileira, em que nossa moeda se derrete e o risco-país dispara, estão aqui mesmo: na falta de políticas para a geração de emprego e renda, de ações para financiar e estimular o investimento, de políticas para proteger a população, na falta de credibilidade do governo.
Não é com mais cortes nos orçamentos e com mais reformas fragilizadoras do Estado que vamos sair da crise. Este é o caminho dos que querem se aproveitar do pânico nos mercados para aumentar a dose de uma receita que já provou ser nociva para o país.
Os partidos de oposição entendem que é papel do Congresso Nacional, nessa hora tão grave, reagir à crise aprovando projetos capazes de gerar confiança e investimento, crescimento e emprego, proteção social e renda para a família brasileira.
Esta é a agenda de projetos que apresentamos para debate prioritário e urgente com os demais partidos, de forma que o Poder Legislativo exerça sua responsabilidade com o povo e com o país.
1) Revisão das severas restrições aos gastos públicos, impostas pela regra do teto de gastos (EC 95). Esta ação precisa ser feita com a máxima urgência;
2) Suspensão do trâmite das PECs 186 (Emergencial), PEC 187 (Fundos Públicos) e 188 (Pacto
Federativo);
3) Reforma Tributária justa, solidária, progressiva e sustentável, desonerando o consumo das famílias e incluindo taxação de grandes fortunas (PLP 277/2008 e apensados tais como PLP 26/2011, PLP 239/2019);
4) Proteger os mais pobres e mais vulneráveis à crise, resolvendo imediatamente as filas do INSS (liberando aposentadorias e benefícios) e as inscrições no Bolsa Família (oferecendo recursos para mais de 3,5 milhões de famílias em sérias dificuldades financeira, principalmente no Nordeste). Sobre este aspecto, votação imediata da MP 898 que institui o 13º salário para o Bolsa Família e o BPC, bem como do PL 6219/2019, apensado ao PL 6072/2019;
5) Investimento em obras com grande efeito multiplicador sobre a economia e de geração de empregos, com capitalização e suporte dos bancos públicos, especialmente o BNDES, via Fundo de Debêntures;
6) Aprovação de nova política de revalorização continuada do salário mínimo com abono emergencial, conforme PL 370/2019;
7) Retomada de investimentos através da Petrobrás e de outras empresas públicas, com elevado potencial de reversão da atividade econômica e geração de emprego. Suspensão da tramitação do PL 5877/2019 de privatização da ELETROBRAS;
8) Submeter privatizações à autorização legislativa, com votação, em caráter emergencial, da PEC 150/2019 que estabelece a obrigatoriedade de lei específica para empresa estatal criar subsidiária e participar de empresa privada;
9) Abertura imediata de processo de renegociação das dívidas das famílias de baixa renda, com redução de juros, extensão de prazos e liberação do nome nos serviços de cadastros (SPC e similares). Votação do PLP 231/2019 que abre créditos para refinanciamento de dívidas de pessoas físicas;
10) Reabertura de linhas de crédito para pessoas físicas (consignado, CDC) e jurídicas (capital de giro, FINAME etc.) nos bancos públicos capitalizados, especialmente BNDES;
11) Contratação emergencial de trabalhadoras e trabalhadores para execução de serviços de manutenção, conservação e preservação de prédios, vias, praças, parque e outros equipamentos públicos;
12) Aumento emergencial dos recursos do SUS para enfrentar a pandemia do coronavírus”.
Este conjunto de medidas merece ser discutido. É um conjunto de medidas extremamente importante em um momento em que Paulo Guedes insiste em encaminhar ao Congresso um conjunto de iniciativas, bem como pressionar o próprio parlamento para a aprovação de medidas que nada têm a ver com a crise, têm a ver muito mais com essa ânsia de vender patrimônio estatal e aprofundar ainda mais a nossa subordinação ao mercado financeiro internacional. Esse documento que eu acabei de ler foi assinado pelos líderes do PT, do PSB, do PDT, do PSOL, do PCdoB e da Rede. É um documento extremamente importante e que iremos, inclusive, no curso desta edição procurar debater com nossos comentaristas.
Ouça o comentário de Paulo Passarinho: