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Meu comentário de hoje vai justamente para minhas primeiras impressões a respeito das medidas que estão sendo tomadas por conta da pandemia do coronavírus e, principalmente, a forma como a população aqui no Rio de Janeiro, pelo menos, vem reagindo aos alertas que todos temos feitos a respeito dos riscos dessa doença. É impressionante como a população atende, mais uma vez, aos apelos que, através do sistema de comunicação de massa que temos no país em função das redes nacionais de televisão, mais uma vez a resposta é muito positiva.
Isso me faz ter otimismo. Apesar das péssimas condições de vida da imensa maioria da população brasileira que muito nos preocupa nesse momento, essa mobilização pode ser importante para atenuar e estancar a transmissão do coronavírus, algo que ocorreu em outros países de forma muito veloz. Ontem nós tivemos aqui no Brasil o primeiro óbito promovido pela doença. Já há outros agora, inclusive aqui no Rio de Janeiro, um paciente no hospital de Icaraí, mas a resposta da população tem sido muito importante.
Sou otimista porque em outros momentos quando especialmente essas redes nacionais de televisão jogaram pesado na difusão de informações, orientações para a população, a resposta foi muito boa. Me recordo, por exemplo, em 2001, quando tivemos aquele apagão de energia. A resposta da população foi muito importante também e a redução que tivemos naquela ocasião no consumo de energia foi algo impressionante. Muitos especialistas brasileiros lembram que em congressos internacionais depois daquele momento, muitos perguntavam em conferências, encontros, se no Brasil teria havido uma guerra porque ninguém se recordava disso.
Por que isso? Porque a queda nos níveis de consumo de energia naquele momento só era semelhante a países que enfrentaram essa tragédia das guerras com destruição do parque produtivo e outras coisas mais. Por isso, nesse sentido, a resposta que a população começa a dar agora, inclusive com as ruas completamente esvaziadas, com as medidas que estão sendo tomadas pelas empresas que empregam pessoas, é muito importante, mas é sempre interessante lembrarmos que há muita gente que não acredita na gravidade da situação que estamos passando.
Hoje mesmo assisti um vídeo desse senhor Edir Macedo, o chefão dessa Igreja Universal do Reino de Deus, onde ele claramente minimizava e apresentava tudo como coisa do demônio, e o demônio se manifesta justamente pela mídia. Portanto, mais do que nunca, é necessário estarmos atentos, obedecermos e procurarmos ser diligentes com todas as recomendações que estão sendo dadas pelas autoridades sanitárias e, acima de tudo, nos proteger dos charlatões, dessa gente que, representando o atraso, o obscurantismo, procura, neste momento, confundir a população e infelizmente o maior responsável por isso é o próprio presidente da República.
Por isso, para aqueles que ainda não acreditam na gravidade dessa situação e, pasmem, inclusive entre nossos ouvintes temos pessoas que questionam toda essa situação que estamos passando, vou tomar a liberdade de fazer a leitura do caso de um carioca de 55 anos que teve de ser internado na UTI de um hospital privado da cidade dois dias após apresentar os primeiros sinais da Covid-19. Na verdade, vou ler agora uma matéria do jornalista Bruno Alfano, do jornal O Globo. O jornalista aponta que esse carioca não tem a idade considerada como grupo de risco, que é acima de 60 anos, nem outra comorbidade, ou seja, doenças previamente diagnosticadas, como hipertensão, diabetes ou problemas cardíacos e respiratório. Diz o próprio paciente:
“— Estava meio de piada com essa história, achando que era bobagem, que era só uma gripe… não é nada disso. Não é uma gripe comum. Achei que ia morrer — afirma o paciente, que segue internado em recuperação.
[…]
O paciente do Rio, que pediu para não ser identificado, chegou da Suíça na sexta-feira retrasada (6). Na terça-feira seguinte, começou a sentir calafrios com tosse e espirros durante uma reunião. Ele mandou uma mensagem à mulher, que encaminhou ao médico do casal.
— Ele me mandou sair da reunião e ir direto para o hospital. Ainda falei com ele que não tinha como sair porque tinha um monte de gente na reunião. Falei que no final do dia eu passava lá. Ele falou: ‘Cara, você não está entendendo. Você tem que sair daí agora porque cada pessoa que está aí com você tem risco de pegar. E pode ter um pai velho ou alguém doente que poderá sofrer mais’ — lembra o paciente.
Foi este argumento que o convenceu. Ele pediu desculpas ao cliente e foi para o hospital. Fez exames — a tomografia detectou que o pulmão estava limpo — e, na quinta-feira, chegou o resultado positivo para a Covid-19.
— Até aí eu estava tranquilo, em casa, no isolamento. Tinha só uma febre baixa e uma tosse leve— lembra.
Na quinta à noite, no entanto, começou a falta de ar. Ligou para o médico, que ouviu o chiado do peito do paciente através do celular. A orientação foi retornar ao hospital na manhã seguinte. Quando refizeram a tomografia (três dias depois da primeira), ele já estava com pneumonia dupla.
— Sexta, sábado e domingo foi pauleira. Sexta, sinceramente, achei que ia morrer. Muito sono, prostrado. Não é uma gripe normal. É uma coisa completamente diferente — afirmou. — Desde a internação, só tenho visto astronautas aqui, os médicos e enfermeiros com aquelas roupas de proteção.
A mulher do paciente também pegou a doença e está em isolamento em casa. Outras três pessoas que moram com o casal, e viajaram juntos, estão sem a doença, também na residência. A mulher com a doença fica o tempo todo dentro do quarto com um banheiro exclusivo.
— Na hora que isso bater nas comunidades, vai ser uma carnificina. Quando pegar o sistema de saúde que nós temos, sem estrutura nenhuma, com as pessoas morando aglomeradas nesses lugares, muita gente vai morrer — acredita”.
Por isso, todas as medidas são importantes de serem tomadas agora para evitar o pior. Estou com esperança disso, agora é evidente que, inclusive com essa decretação de estado de calamidade pública no país, nós teremos condições, pelo menos eu espero, de rompermos de vez com essa baboseira do chamado arrocho fiscal defendido por Paulo Guedes. Essa medida permitirá um conjunto de ações que precisam ainda ser assumidas pelo Governo Federal, principalmente no tocante de garantir condições de renda e de atendimento médico à imensa maioria da população brasileira, pobre e miserável.
Ouça o comentário de Paulo Passarinho: