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O misto de baderna e ideologização que é a gestão de Jair Bolsonaro tem nos apresentado situações difíceis de entender para quem tem o mínimo de racionalidade. A começar pela troca da Secretária Especial de Cultura Regina Duarte, que chegou ao governo depois de uma longa novela e deixa o cargo após dois meses e um processo de fritura, em um último capítulo digno de comédia pastelão.
O presidente e a atriz, que agora passa ao comando da Cinemateca, em São Paulo, gravaram um vídeo divulgado nas redes sociais claramente roteirizado, uma vergonha, à imagem e semelhança da administração federal. Nem os Três Patetas fariam melhor. Para o lugar de Regina, o mais cotado é o ator Mário Frias, que já se dispôs, em outras ocasiões, a substituir a namoradinha do Brasil.
Outro episódio lamentável foi a liberação do uso da cloroquina para o tratamento de todos os pacientes diagnosticados com a Covid-19 pelo Sistema Único de Saúde. Bolsonaro teve de recorrer, como sempre, a um militar, no caso o interino general Pazuello, para assinar o protocolo, já que ninguém que tivesse formação em medicina se dispôs a autorizar tamanha irresponsabilidade. Foram os casos de Luiz Henrique Mandetta e Nelson Teich, descartados por não atenderem os desejos insanos do ex-capitão do Exército. Logo depois do anúncio pelo governo, um grupo de médicos e cientistas divulgou nota frisando que não há evidências científicas que sustentam o uso do medicamento para o novo coronavírus.
O show de horrores teve um grão de lucidez, ocasionada, diga-se, após muita pressão da sociedade civil, quando o ministro da Educação Abraham Weintraub anunciou o adiamento da prova do Exame Nacional do Ensino Médio, o Enem, por 30 ou 60 dias, conforme uma enquete realizada entre os estudantes que farão prova. Até mesmo o presidente da Câmara Rodrigo Maia teve de intervir junto a Bolsonaro para que houvesse a decisão pela postergação do exame que classifica os alunos para universidades públicas. Ainda assim, temendo que a decisão do MEC não se concretize, o Congresso decidiu votar a suspenção do Enem.
Mas o que mais chamou atenção nos últimos dias foi a notícia de que o senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente, teria pago, com recursos do fundo partidário, R$ 500 mil para o escritório de advocacia de um ex-assessor seu, que hoje tem o nome envolvido no suposto vazamento de informações da Polícia Federal, em benefício de sua família. O advogado Victor Granado Alves, ex-assessor de Flávio na Assembleia Legislativa do Rio, foi citado pelo empresário Paulo Marinho, como um dos que teriam recebido a informação de um delegado da Polícia Federal a respeito da operação Furna da Onça, envolvendo pessoas do gabinete de Flávio. A bagunça e a radicalização do bolsonarismo são temperados com boas doses de roubo e corrupção.
Ouça o comentário de Anderson Gomes: