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Enquanto o país está mergulhado no caos, com mais de mil brasileiros morrendo todos os dias pela Covid-19, o tabuleiro da política segue se movimentando rapidamente. E dois dos personagens mais atingidos por todos esses escândalos na atualidade tentam manobrar politicamente para voltarem ao jogo. O governador do Rio de Janeiro Wilson Wiltzel, por exemplo, tirou do seu caminho dois fardos pesados em poucas horas.
Fragilizado por conta do escândalo de corrupção envolvendo a construção de hospitais de campanha, que resultou até em buscas da Polícia Federal no Palácio Laranjeiras, residência oficial do governo, o mandatário afastou a organização social Iabas da construção e gestão dos sete centros de saúde provisórios no estado para tratamento da pandemia. A OS, que foi contratada sem licitação e deveria entregar todas as unidades prontas até o dia 30 de abril, só concluiu as obras de uma delas, a do Maracanã.
A gota d’água para a decisão, no entanto, segundo o governador, foi a compra por parte da Iabas de carrinhos de anestesia no lugar de respiradores. Segundo especialistas, os equipamentos não servem para oferecer assistência aos internados com Covid-19. Quem assume os hospitais de campanha é a Fundação Estadual de Saúde. Além disso, Witzel exonerou o secretário de Desenvolvimento Econômico Lucas Tristão, considerado o pivô da crise entre o Executivo estadual e a Assembleia Legislativa. Ele também era visto como o elo entre o governador e o empresário Mário Peixoto, preso no mês passado por suspeitas de fraudes na área da saúde.
A atitude de Witzel é interpretada como uma resposta para os 10 pedidos de impeachment protocolados contra ele na Alerj, já que Tristão era quem fazia a interlocução entre o governo e os parlamentares, e era chamado ironicamente pelos deputados de ‘governador em exercício’, dados seus superpoderes. O secretário é o sexto que deixa a administração em pouco mais de 10 dias. Outro sinal que evidencia o desgaste do governador é o fato de ele não conseguir encontrar um nome para representar o governo na Casa Legislativa, já que sua base de apoio está em frangalhos.
Enquanto isso, no Palácio do Planalto, Jair Bolsonaro articula para inviabilizar politicamente seu mais recente adversário, o ex-ministro Sérgio Moro. Segundo informações da jornalista Andréia Sadi, o presidente quer a cassação dos direitos políticos daquele que revelou sua tentativa de interferir na Polícia Federal. Prova disso é a retomada da negociação pela Procuradoria Geral da República, órgão do qual o ex-capitão do Exército se apoderou, da delação premiada do advogado Rodrigo Tacla Duran, que teria sofrido uma suposta extorsão da operação Lava Jato, com envolvimento de um amigo pessoal do ex-juiz, Carlos Zucolotto Jr., em investigação que já estava arquivada.
Bolsonaro enxerga em Moro um adversário em potencial para os seus planos de reeleição em 2022, capaz de dividir sua base de apoio, ao contrário do que aconteceria com um político de esquerda. Os podres poderes se movimentam livremente para ampliar seu caráter de dominação sobre a classe trabalhadora e o abismo social existente no país, já que os partidos ditos progressistas são incapazes de dar respostas e rivalizar na construção de um projeto de governo justo e inclusivo.
Ouça o comentário de Anderson Gomes: