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Editorial – 19.06.2020

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A queda do ministro da Educação Abraham Weintraub, que já estava desenhada há alguns dias, e sua provável nomeação para um cargo no Banco Mundial, em Washington, ficaram absolutamente em segundo plano ontem, por um motivo muito simples:

 

Queiroz finalmente apareceu. O ex-assessor de Flávio Bolsonaro na Assembleia Legislativa do Rio de Janeiro foi preso preventivamente ao ser encontrado escondido em uma casa na cidade de Atibaia, interior de São Paulo. A residência é de propriedade do advogado da família Bolsonaro, Fred Wasseff, a mesma pessoa que meses atrás disse não saber do paradeiro do ex-policial.

 

A ação foi liderada pela Polícia Civil de São Paulo a pedido do Ministério Público do Rio de Janeiro. Fabrício Queiroz é acusado de participar de um esquema de rachadinha no gabinete do filho do presidente, na Alerj, quando ele ainda era deputado estadual. Nesse esquema, funcionários de Flávio devolviam parte do salário ao parlamentar com depósitos em espécie e o dinheiro era lavado em uma loja de chocolates de propriedade do parlamentar.

 

No local em que Queiroz foi encontrado, havia um cartaz com a expressão ‘AI-5’, em referência ao ato institucional do período da ditadura. Segundo um caseiro, o ex-assessor da família Bolsonaro estava escondido no local há aproximadamente um ano. A casa era utilizada pelo advogado do presidente como escritório de fachada, conforme informou a Ordem dos Advogados do Brasil de São Paulo. O ex-policial foi transferido para o Rio de Janeiro, onde passou por exame de corpo de delito, audiência de custódia e encaminhado ao presídio de Bangu.

 

Também foi emitido um mandado de prisão para a esposa de Fabrício Queiroz, Márcia Aguiar. Buscas foram realizadas no endereço de uma ex-assessora de Flávio, no Rio de Janeiro. O presidente Jair Bolsonaro não se pronunciou a respeito da prisão do ex-assessor. Já Flávio se disse tranquilo e afirmou que ‘mais uma peça foi movimentada no tabuleiro para atacar Bolsonaro’.

 

A prisão na casa do advogado da família deixa mais do que claro que havia enorme interesse dos Bolsonaro em esconder Queiroz. Essa detenção é fundamental para desvendar não só o esquema do laranjal. O ex-assessor pode apresentar informações cítricas sobre os diversos tentáculos da milícia a qual ele está ligado. Vale lembrar que Queiroz era amigo íntimo do capitão Adriano da Nóbrega, ex-chefe do ‘escritório do crime’, do qual pertenciam Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, os assassinos da vereadora Marielle Franco. Adriano, que chegou a ser condecorado por Flávio Bolsonaro com a medalha Tiradentes, maior honraria do estado do Rio, enquanto estava preso, foi morto em fevereiro em condições suspeitíssimas pela polícia da Bahia.

 

Há muitas perguntas que Fabrício Queiroz precisa responder. Por exemplo: por que ele ficou tanto tempo escondido se não devia nada à Justiça? Por que depositou dinheiro na conta da primeira-dama Michele Bolsonaro? Por que fez uma série de depósitos seguidos de valores fracionados em benefício de Flávio Bolsonaro? Por que ele e a filha foram demitidos no mesmo dia 15 de outubro de 2018, uma semana depois do primeiro turno das eleições presidenciais, sendo que ele trabalhava para Flávio e ela, no gabinete de Jair Bolsonaro? O empresário Paulo Marinho disse que foi justamente nessa época que houve o vazamento da Polícia Federal da operação que teria como alvo esse escândalo das rachadinhas.

 

Nós esperamos que todas essas dúvidas sejam esclarecidas e os crimes da família do presidente venham à tona. A verdade é que Fabrício Queiroz, Élcio Queiroz, Ronnie Lessa, Adriano da Nóbrega, Carlos, Eduardo, Flávio, Jair Bolsonaro são todos laranja do mesmo saco.

 

Ouça o comentário de Anderson Gomes:

 

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