O novo vexame que se desenhava em torno do Ministério da Educação e que nós adiantamos no editorial do programa de ontem se confirmou. O professor Carlos Alberto Decotelli encerrou sua participação relâmpago no comando da pasta sem sequer ter tomado posse oficialmente, após entregar sua carta de demissão ao presidente Jair Bolsonaro.

O novo ex-ministro não aguentou a pressão criada após a notícia de que ele teria fraudado seu currículo, incluindo um doutorado na Argentina não concluído, bem como um pós-doutorado na Alemanha que não se concretizou. Além disso, sua dissertação de mestrado na Fundação Getúlio Vargas teve 73% do seu conteúdo plagiado. De acordo com o relato de um professor da Pontifícia Universidade Católica do Chile, 53 das 73 páginas da sua tese foram copiadas de trabalhos de outros autores.

O presidente Jair Bolsonaro ainda não anunciou quem será o novo ministro da Educação, o quarto em um ano e meio de governo. Os nomes mais cotados são os de Sergio Sant’Ana, ex-assessor de Abraham Weintraub, e Ilona Becskeházy, atual secretária de Educação Básica. A passagem relâmpago de Carlos Alberto Decotelli pela pasta fortalece a ala ideológica da gestão Bolsonaro, já que o professor era visto como um quadro técnico, além de ter agradado a ala militar do Palácio do Planalto.

Este episódio apenas demonstra, mais uma vez, o descaso do Governo Federal com o ensino no país. Como é que pode uma administração com diversos órgãos capazes de fazer esse trabalho, como a Agência Brasileira de Inteligência, a Abin, os próprios técnicos do Ministério, se negligenciar a conferir a veracidade das informações que constam do currículo do indicado ao cargo de ministro? O Brasil caminha a passos largos para um verdadeiro hiato de quatro anos naquele que é o setor mais importante da nossa sociedade, que é a educação.

Ouça o comentário de Anderson Gomes