Preencha os campos abaixo para submeter seu pedido de música:

Editorial – 12.08.2020

Compartilhe:
editorial_1170x530

A história está repleta de episódios que nós precisamos presenciar para acreditar que eles de fato aconteceram. Eu vou citar dois deles aqui no nosso espaço editorial de hoje. O primeiro foi esse anúncio do prefeito do Rio Marcelo Crivella sobre sua intenção de lotear as praias da cidade e oferecer as áreas para ocupação das pessoas através de reservas por um aplicativo para celulares, inclusive destinando à iniciativa privada alguns lotes para que seja permitida publicidade de empresas parceiras. Sim, é isso mesmo que você ouviu.

 

A ideia do chefe do Executivo no município é demarcar as areias para evitar a contaminação pelo novo coronavírus, estabelecendo o afastamento social. Além da reserva pelo smartphone, alguns espaços estariam disponíveis para a população por ordem de chegada. A primeira praia a receber o projeto seria a de Copacabana. Os quadrantes seriam demarcados por intermédio de uma fita. Mais detalhes a respeito dessa proposta devem ser divulgados nos próximos dias. As perguntas que ficam são as seguintes: será que o prefeito algum dia foi à praia? Ele acredita mesmo que as pessoas vão respeitar esse tipo de demarcação de um local público, cartão postal da cidade? E a prefeitura, conseguirá fiscalizar essa medida?

 

Bom, o outro absurdo foi esse anúncio do Jair Bolsonaro de que enviará o ex-presidente Michel Temer para liderar uma comitiva de ajuda humanitária ao Líbano, que sofre os efeitos da mega explosão no porto de Beirute. Sobre esse tema, eu gostaria de ler a coluna do jornalista Bernardo Melo Franco, publicada ontem no jornal O Globo, sob o título “O enviado especial de Bolsonaro”:

 

Quando Michel Temer anunciou a intervenção federal na segurança do Rio, em fevereiro de 2018, o então deputado Jair Bolsonaro cutucou: “Temer já roubou muita coisa, mas o meu discurso ele não vai roubar”. Quando o ex-presidente foi preso pela primeira vez, em março de 2019, o capitão sorriu: “Cada um tá fazendo por merecer”.

 

Nas palavras de Bolsonaro, a prisão de Temer era a consequência de um modelo que ele prometia não repetir. “O que levou a isso é aquela velha história de Executivo muito afinado com o Legislativo, onde a governabilidade vem em troca de cargos. São ministérios, são estatais, são bancos oficiais”, condenou.

 

Um ano depois, o presidente deixou para trás a pregação contra a “velha política”. Loteou a máquina em troca de apoio, barganhou com os suspeitos de sempre e fez a dança do acasalamento com o centrão. Agora um dos padrinhos da união será premiado com uma viagem oficial ao Líbano.

 

Bolsonaro convidou Temer a chefiar a comitiva brasileira em Beirute. O ex-presidente deve embarcar amanhã cedo em avião da FAB. Antes da viagem, um constrangimento: para deixar o país, ele precisou pedir autorização ao juiz Marcelo Bretas, que o mandou duas vezes para a cadeia.

 

Em 2017, o capitão votou duas vezes pelo afastamento do antecessor. “Pelo fim da corrupção”, discursou, ao apoiar a segunda denúncia do procurador Rodrigo Janot. Em 2020, ele busca conselhos com quem chamava de ladrão. “Meu enviado especial”, cortejou, em videoconferência no domingo.

 

Temer é mestre na arte da sobrevivência política. Delatado e gravado no subsolo do palácio, conseguiu resistir no cargo. Nem a imagem de um assessor correndo com uma mala recheada foi capaz de derrubá-lo. Agora ele dá lições a Bolsonaro, enrolado com cheques para o primeiro-filho e a primeira-dama.

 

A viagem ajuda o ex-presidente a lustrar a biografia, mas não resolve seus problemas com a Justiça. Absolvido num processo em Brasília, ele ainda é réu em cinco ações por corrupção, peculato e lavagem de dinheiro”.

 

Ouça o comentário de Anderson Gomes:

 

Deixe seu comentário:

Apoie o Faixa Livre:

Apoie o Faixa Livre:

Baixe nosso App

Baixe nosso App

Programas anteriores