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A relação entre os neoliberais e o bolsonarismo, ao que parece, chegou ao seu ponto de ruptura. O presidente Jair Bolsonaro e o ministro da Economia Paulo Guedes entraram em rota de colisão nos últimos dias por conta da imposição pelo ex-capitão do Exército desses programas assistencialistas, de olho na sua reeleição em 2022.
O anúncio da intenção do político em romper com o teto de gastos para financiar seus projetos eleitoreiros acendeu o sinal de alerta na equipe econômica do governo. Não por acaso, nos últimos dois meses, já foram pelo menos cinco os nomes que deixaram a pasta comandada pelo até então braço direito do presidente.
Anteontem, durante o lançamento do Casa Verde e Amarela para substituir o Minha Casa, Minha Vida, com juros mais baixos para o Norte e Nordeste, regiões pobres do país e onde o presidente ainda encontra forte resistência por serem redutos petistas, Bolsonaro já havia tomado uma atitude que, nas entrelinhas, mostrou que Paulo Guedes não anda tão prestigiado assim. Durante o seu discurso, o chefe do Executivo chamou o presidente da Caixa Pedro Guimarães de PG2, em referência às iniciais do seu nome, que coincidem com as do ministro da Economia. Há quem diga em Brasília que Guimarães seria o favorito para ocupar o cargo no caso da saída de Guedes.
Já ontem, um sinal mais evidente foi essa rejeição de Bolsonaro à proposta enviada pela Pasta para o programa Renda Brasil, que ficará no lugar do Bolsa Família. O presidente vetou o encaminhamento da matéria para o Congresso por entender que os R$ 270 definidos para ajuda financeira às famílias seriam insuficientes. O ex-capitão do Exército chegou a dizer que não pode “tirar do pobre e dar para paupérrimos”.
Bolsonaro deu até a próxima sexta-feira para que a equipe econômica apresente um novo formato para o Renda Brasil. Até lá também será definido o valor do auxílio emergencial, que será estendido até dezembro.
Paulo Guedes tentou minimizar as desavenças e disse que, como presidente, quem decide é Bolsonaro. Fato é que essa cisão evidente entre o presidente e os neoliberais que ocupam cargos no governo pode levar a dois caminhos: se o ex-capitão do Exército conseguir impor sua ideia no Executivo, o que deve acontecer, precisará negociar também com os parlamentares, já que o Congresso é outro antro de representantes do grande capital.
Caso não haja um acordo entre o político sem partido e o presidente da Câmara Rodrigo Maia, aliado de primeira hora de Guedes, o caminho para a aceitação de um processo de impeachment contra Bolsonaro ficaria aberto. As cartas estão na mesa. Esperamos que esse desentendimento entre aqueles que detêm o poder econômico no nosso país e o chefe do Executivo seja o início do fim do governo Bolsonaro.
Ouça o comentário de Anderson Gomes: