No espaço editorial de hoje, eu gostaria apenas de fazer rápidos comentários a respeito de duas notícias que surgiram ontem. Primeiro a declaração do ministro da Economia Paulo Guedes de que o auxílio emergencial criado por conta da pandemia não será prorrogado para 2021. As parcelas mensais do programa, atualmente em R$ 300, se esgotam em dezembro.

Há duas questões colocadas nesta discussão: uma é que os efeitos da Covid-19 não vão se encerrar no fim deste ano. Ainda que surgisse uma vacina até lá, hipótese praticamente descartada pelos especialistas, seria impossível imunizar toda a população brasileira, permitindo que houvesse uma retomada plena da atividade econômica no país. Além disso, dificilmente o governo conseguirá aprovar o Renda Cidadã até dezembro, deixando as pessoas beneficiadas pelo Bolsa Família desprotegidas, visto que as parcelas são inferiores tanto às do novo programa de transferência de renda que Jair Bolsonaro quer adotar, quanto às do próprio auxílio emergencial. Mais uma derrota para o povo brasileiro.

O outro tema que eu gostaria de comentar é essa decisão do Supremo Tribunal Federal de alterar o regimento da Corte para que inquéritos e ações penais voltem a ser analisados pelo plenário e não mais por suas turmas de julgamento. Os ministros tomaram esta iniciativa para evitar que a Segunda Turma do STF imponha novas derrotas às investigações da operação Lava Jato, visto que tivemos seguidas decisões nas últimas semanas que favoreceram réus. O pedido de habeas corpus impetrado pela defesa do ex-presidente Lula alegando parcialidade do ex-juiz Sérgio Moro nas condenações, no entanto, seguem na Segunda Turma.

É mais uma manobra desse pessoal que defende a dita operação anticorrupção, muito fragilizada após uma série de denúncias e que de maneira clara atuou politicamente em diversos inquéritos. Pelo visto, a judicialização da política no nosso país ainda vai longe.

Ouça o comentário de Anderson Gomes: