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O espetáculo criminoso que é esse governo do Jair Bolsonaro teve na última quarta-feira (27) mais um episódio deplorável. Em um novo show de ignorância, falta de respeito e de postura para o cargo que ocupa, o presidente da República atacou os jornalistas que noticiaram aquelas suspeitas de superfaturamento em compras de produtos alimentícios pelo Governo Federal no ano passado, com gastos na casa de R$ 15 milhões para adquirir latas de leite condensado, por exemplo.
O Ministério Público, inclusive, já pediu ao Tribunal de Contas da União para que apure essas suspeitas, justamente em um momento em que o país atravessa uma crise sem precedentes, alegando não ter recursos para pagar o auxílio emergencial à população mais vulnerabilizada pelos efeitos deletérios da crise econômica e de emprego ampliadas pela pandemia.
Sobre os efeitos dessa postura ofensiva do Jair Bolsonaro contra jornalistas, nós vamos conversar no último bloco do programa de hoje com a presidente da Federação Nacional dos Jornalistas Maria José Braga. Ela vai falar sobre um relatório produzido pela Fenaj que aponta um aumento vertiginoso dos ataques do ex-capitão a profissionais de imprensa no ano passado. Vale a pena escutar o Faixa Livre até o final para acompanhar essa entrevista.
Agora, em relação ao episódio da última quarta-feira, eu farei a leitura de uma bela nota divulgada pela Associação Brasileira de Imprensa (ABI) condenando o chefe do Executivo. O título do documento é “Falta compostura ao presidente”:
“Estarrecedor, espantoso, repugnante, medonho, grotesco.
Estes são alguns adjetivos que poderiam qualificar o discurso do presidente Jair Bolsonaro na quarta-feira desta semana.
Diante da divulgação de números envolvendo compras suspeitas do governo, retirados de sites oficiais, Bolsonaro mais uma vez atacou de forma grosseira a imprensa e usou expressões de baixo calão, no estilo cafajeste tantas vezes presente em seu comportamento.
Mandar a imprensa “enfiar no rabo” latas de leite condensado que podem ter sido compradas com superfaturamento só satisfaz bajuladores, como o ministro de Relações Exteriores que, ao lado do chefe, tal qual bobos da corte, dão gargalhadas e aplaudem, contentes, as grosserias do presidente.
Foi um espetáculo lamentável.
As mortes pela Covid-19 chegam a mais de 220 mil, batendo recordes, e o governo dá seguidas mostras de uma incompetência criminosa. O mundo inteiro avança no enfrentamento da pandemia, enquanto no Brasil o governo insiste em minimizar a gravíssima situação, tornando-se responsável direto pela morte de brasileiros, ora pelo atraso na distribuição de vacinas, ora pela falta de oxigênio, ora pelo incentivo ao uso de medicamentos condenados pelas autoridades médicas.
Bolsonaro mantém no comando da área da Saúde uma figura sem qualquer qualificação para tal. E não só o ministro é despreparado. Toda a pasta está ocupada por militares que foram nomeados em detrimento de especialistas na área experientes e competentes, num processo que inclusive compromete a imagem das Forças Armadas.
Enquanto isso, acumulam-se nas gavetas do presidente da Câmara dos Deputados os pedidos de impeachment do presidente. Já são mais de 60.
A eles se soma o pedido de impeachment do ministro Eduardo Pazuello, encaminhado pela ABI e também engavetado.
Decididamente, o Brasil não merece isso.
Dar um basta nesta situação é questão de sobrevivência nacional”.
Ouça o comentário de Anderson Gomes: