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Se há algo que Jair Bolsonaro sempre deixou claro desde o início do seu mandato é que ele governaria para favorecer seus apoiadores. E nesse episódio envolvendo a demissão do presidente da Petrobras Roberto Castello Branco, não é diferente. Há quem diga que essa decisão do ex-capitão se alinha às posturas estatistas que ele sempre defendeu ao longo de sua trajetória política. Eu confesso não acreditar nessa tese. O presidente, além de nada fazer para impedir a venda de ativos da própria estatal de petróleo, como a BR Distribuidora e, mais recentemente, a refinaria Landulpho Alves (Rlam), já defendeu a privatização dos Correios, da Dataprev, da Eletrobras, isso para citar apenas alguns exemplos.
Está na cara que essa iniciativa de Bolsonaro serve ao intuito de frear a insatisfação dos caminhoneiros, que realizaram recentes paralisações por conta do elevado valor do litro de óleo diesel, alvo de consecutivos aumentos nos últimos dias graças à política de Preço de Paridade de Importação (PPI) adotada pela estatal, que faz com que os preços dos derivados de petróleo variem de acordo com a oscilação internacional.
A grande questão é que o mercado entrou em polvorosa com a tentativa de intervenção do ex-capitão do Exército na empresa, que indicou à Presidência da Petrobras um colega de farda, o general Silva e Luna. As ações da empresa despencaram na Bovespa, bem como na Bolsa de Nova York. A mídia corporativa foi outra a criticar a medida tomada pelo chefe do Executivo, que chegou a questionar as decisões da estatal: “o petróleo é nosso ou de um pequeno grupo no Brasil?”.
Esse mesmo pessoal que defende a autonomia da Petrobras para distribuir lucros aos seus acionistas indiscriminadamente, deixando de lado os interesses nacionais, da população brasileira, não abre a boca para questionar a tal da PEC que visa prorrogar o auxílio emergencial, que, além de congelar os salários dos servidores públicos por dois anos, quer acabar com a exigência de se realizar gastos mínimos com saúde e educação no nosso país.
A proposta, de autoria do senador Márcio Bittar (MDB-AC), será encaminhada à votação dos parlamentares na próxima quinta-feira (25). Até lá, o texto pode mudar, mas não há o menor interesse de se promover alterações que favoreçam o nosso povo, muito pelo contrário. Aliás, essa demanda de se desvincular receitas obrigatórias do Orçamento é defendida há anos por esses ultraliberais, que contam com o apoio, obviamente, do Centrão, novo porto seguro do bolsonarismo.
Por que, ao invés de se discutir a desvinculação do Orçamento, não se debate o fim do teto de gastos, que engessa a nossa economia por 20 anos? Duas coisas ficam muito claras nessa história: primeiro que Jair Bolsonaro só pensa em sua reeleição no ano que vem, e segundo, que a defesa dos interesses nacionais passa longe da agenda ultraliberal.
Enquanto nós tivermos no comando do país gente que considera investimentos em saúde e educação como gastos, a maioria absoluta da nossa população seguirá à deriva, entregue àqueles que detêm o poder do capital hegemônico.
Ouça o comentário de Anderson Gomes: