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A realidade da violência na qual a população pobre do Rio de Janeiro está mergulhada voltou a se fazer presente ontem (06). Os moradores da favela do Jacarezinho foram alvos de mais um banho de sangue patrocinado pelas forças de segurança do estado.
Uma operação das polícias Civil e Militar, classificada como desastrosa por especialistas em segurança pública e que contou com mais de 200 homens, levou terror e morte à comunidade da Zona Norte da capital e deixou, até o momento em que eu estou gravando esse texto, 25 pessoas mortas, entre elas um policial civil. Entre os inúmeros feridos, dois deles foram atingidos dentro de uma composição do metrô, que trafega na superfície nessa região da cidade.
Uma série de vídeos feitos por moradores do Jacarezinho registram o som das rajadas de tiros, incontáveis cartuchos de munição espalhados pelo chão, o medo das pessoas que tentam se abrigar das balas, um cenário de guerra no meio de uma cidade grande. Mais uma vez, a polícia age como protagonista neste episódio.
De acordo com um levantamento feito pelo site G1, com informações do Grupo de Estudos dos Novos Ilegalismos (Geni) da Universidade Federal Fluminense (UFF) e da plataforma Fogo Cruzado, essa foi a operação da polícia com maior número de mortes na história do Rio de Janeiro. E justamente em um momento de pandemia, onde as ações policiais estão restritas e dependem de autorização judicial para serem realizadas, apenas em “hipóteses absolutamente excepcionais”.
Nós conversamos a esse respeito no programa de ontem com a deputada estadual Dani Monteiro (PSOL), que preside a Comissão de Defesa dos Direitos Humanos e Cidadania da Assembleia Legislativa, sobre o aumento da violência policial nas favelas nas últimas semanas.
Não dá mais para que as pessoas em situação de vulnerabilidade social, como os moradores das favelas, sejam alvos desse morticínio promovido pelo Estado brasileiro. A política de enfrentamento utilizada pelas seguidas gestões da segurança pública no Rio de Janeiro é letal. As polícias precisam implementar ações de inteligência para que os confrontos sejam evitados. Mais do que isso, precisamos falar em legalização das drogas.
Todo esse caos é provocado, fundamentalmente, pelo controle do tráfico de entorpecentes. O Estado precisa assumir essa responsabilidade de maneira legal para que vidas sejam preservadas. Esse debate, acima de tudo, salva vidas.
Eu também gostaria de comentar rapidamente esse depoimento do ministro da Saúde Marcelo Queiroga na CPI da Pandemia, no Senado. Aliás, chamar aquilo de depoimento é bondade da minha parte. O que se viu na comissão foram respostas absolutamente evasivas, o ministro fugindo dos questionamentos dos parlamentares, atuando de acordo com a cartilha do Palácio do Planalto para evitar que o presidente Jair Bolsonaro veja sua situação ainda mais complicada.
Queiroga se recusou até mesmo a dizer se concorda ou não com a posição do ex-capitão em relação ao uso da cloroquina no tratamento precoce da Covid-19, algo que irritou bastante os senadores que compõem a CPI.
Os trabalhos da comissão devem ser retomados na próxima semana, na terça-feira (11), e vamos aguardar para ver quais serão os próximos desdobramentos. Fato é que a pressão precisa continuar para que essa CPI produza resultados que levem à responsabilização de todos os culpados por esse genocídio que está colocado, em especial do senhor Jair Bolsonaro.
Ouça o comentário de Anderson Gomes: