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Editorial – 14.05.2021

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A presença do gerente-geral da farmacêutica Pfizer na América Latina Carlos Murillo à CPI da Pandemia ontem (13), no Senado, trouxe importantes informações e a confirmação de que o ex-secretário de Comunicação do governo Fábio Wajngarten mentiu aos parlamentares no dia anterior.

 

O dirigente garantiu que Wajngarten participou de pelo menos um encontro em 2020 com representantes da empresa para tratar das negociações para aquisição pelo Brasil de doses da vacina contra a Covid-19, ao contrário do que disse o ex-secretário. Também estiveram na tal reunião o filho do presidente da República e vereador Carlos Bolsonaro, além do assessor especial da Presidência Felipe Martins.

 

Mais do que isso, Murillo afirmou que começou as tratativas com o Brasil em maio do ano passado e que o país não respondeu a oferta feita em agosto pela Pfizer para aquisição de 70 milhões de doses de imunizantes, sendo que 1,5 milhão seriam entregues até dezembro de 2020. Vale ressaltar que o primeiro contrato com a farmacêutica foi celebrado apenas no dia 19 de março último, e ainda há um segundo em negociação. Ou seja, fica provado que o Governo Federal, sob liderança do senhor Jair Bolsonaro, agiu com desprezo em relação à compra de vacinas contra a Covid-19, ignorando uma proposta que tinha em mãos. Se isso não configura crime de responsabilidade, o que seria então?

 

O presidente da República esteve ontem em Alagoas, estado de origem do senador Renan Calheiros (MDB), relator da CPI da Pandemia, e repetiu o discurso grosseiro do filho Flávio no dia anterior. Disse o Jair Bolsonaro: “Se Jesus teve um traidor, temos um vagabundo inquirindo pessoas de bem no país. É um crime o que vem acontecendo com essa CPI”.

 

Como era de se esperar, Renan Calheiros respondeu a provocação e disse que o chefe do Executivo age defendendo “interesses próprios”, que as agressões são socos no ar e que a comissão no Senado irá cumprir seu papel. As tensões crescem à medida que as investigações avançam, mas ainda falta alguma revelação inédita e que comprometa de maneira definitiva o ex-capitão. Caso a CPI siga nessa toada, tudo seguirá como está no país e nós seremos obrigados a conviver com esse sujeito na Presidência da República até o final do próximo ano.

 

Por falar nisso, Bolsonaro também comentou o resultado da pesquisa Datafolha divulgada na última quarta-feira (12) pelo jornal Folha de S. Paulo, que mostra Lula muito à frente nas intenções de voto na disputa pelo Palácio do Planalto no ano que vem. Sobre isso, eu reproduzo um trecho da coluna do jornalista Leonardo Sakamoto, publicada ontem no site UOL, sob o título “’À frente da tabela’, Lula comemora Datafolha, mas rechaça ‘salto alto’”:

 

Em atos de caráter eleitoral em Alagoas, nos quais reinaugurou obras que já haviam sido inauguradas, Jair Bolsonaro (sem partido) chamou o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva de ‘aquele ladrão de nove dedos’.

 

“Facilmente previsível”, ironizaram três das pessoas próximas a Lula ouvidas pela coluna. Nesta quinta (12), pesquisa Datafolha apontou que o petista venceria Bolsonaro no segundo turno da eleição de 2022 por 55% a 32%. No primeiro turno, o líder petista ficaria à frente por 41% a 23%.

 

O resultado teria confirmado, segundo interlocutores, a percepção do ex-presidente de que um levantamento realizado de forma presencial, como esta pesquisa, mostraria que ele está bem colocado na disputa pelo Palácio do Planalto. Mas Lula quis afastar a seus interlocutores a precipitação do “salto alto”. O que, claro, foi devidamente narrado através de uma metáfora futebolística.

 

“É melhor estar na frente do que atrás na tabela. Mas há muitas rodadas até o final do campeonato ainda. Há muitos times que estão contundidos ou ainda não se encontraram, mas que podem surpreender lá na frente. Acreditar que esse resultado vai continuar até o final é subir no salto só para depois cair de cara no chão.” A explicação foi repassada à coluna por uma pessoa próxima ao petista.

 

Isso não deixa de ser um lugar comum na política, mas as fontes ouvidas pela coluna disseram que Lula não está falando isso da boca para fora. E citam como o exemplo o DEM, que saiu das eleições municipais sendo considerado peça-chave para 2022.

 

“Daí, veio a eleição da Câmara dos Deputados, que beneficiou Bolsonaro, e a decisão do STF, que garantiu os direitos políticos de Lula, e tudo mudou para o partido”, afirmou um dos ouvidos.

 

Outro interlocutor lembra que pesquisas internas do PT apontavam que Lula poderia ganhar no primeiro turno em 2018, porém ele foi preso após condenação em segunda instância no âmbito da operação Lava Jato. “Se há alguém que sabe que as coisas mudam de uma hora para outra, esse alguém é ele”, afirmou.

 

Com o resultado do Datafolha debaixo do braço, contudo, Lula reconhece que é mais fácil negociar com forças políticas nos estados. Ela reforçaria um cenário político que já estava se moldando após anulação de suas condenações por parte do Supremo Tribunal Federal e a declaração, pela Segunda Turma da corte, de que o ex-juiz Sergio Moro não havia sido imparcial ao julgá-lo.

 

Parte de políticos do centrão das regiões Norte e Nordeste, que está ao lado de Bolsonaro, por exemplo, não teria problemas em se voltar para Lula na eleição, caso ele se mostre bem colocado junto às suas bases. Isso racharia o grupo que, hoje, dá sustentação ao presidente”.

 

Bom, baseado no que apurou o jornalista Leonardo Sakamoto, fica evidente que o petista não quer entrar no clima de ‘já ganhou’, mas percebe que sua condição para 2022 é bastante privilegiada. A grande questão é que Lula está longe de ser a figura que vai resolver os graves problemas do nosso país com todos esses acordos espúrios que ele tem negociado. A nossa cobrança aqui no Faixa Livre continuará firme para que a nossa esquerda aja de maneira digna pela redução das desigualdades e na defesa da soberania nacional e dos direitos do trabalhador brasileiro.

 

Ouça o comentário de Anderson Gomes:

 

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