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Essa semana, a CPI da Pandemia, no Senado, deve proporcionar momentos ainda mais tensos do que aqueles que já tivemos até aqui. Hoje, os parlamentares vão ouvir o ex-ministro das Relações Exteriores Ernesto Araújo, um dos antigos integrantes da ala ideológica do governo Bolsonaro e que sempre atuou para dificultar o diálogo entre Brasil e China na aquisição de insumos contra a Covid-19.
Mas o momento mais aguardado de toda a CPI deve acontecer amanhã (19), quando nós teremos o depoimento do ex-ministro da Saúde general Eduardo Pazuello. O militar está cheio de medo do que essa comissão pode trazer de problemas para ele, tanto que correu atrás de um habeas corpus no Supremo Tribunal Federal, concedido pelo ministro Ricardo Lewandovski, que o permite permanecer calado no caso de questionamentos que possam incriminá-lo.
Pazuello desde o início seguiu à risca a cartilha negacionista do presidente Jair Bolsonaro e agora, fora do governo, virou uma bomba-relógio para o ex-capitão caso resolva falar o que sabe. A grande questão é que ele, que já é investigado na 1ª instância da Justiça pelo caos provocado pela falta de oxigênio em Manaus, no início do ano, pode acabar atrás das grades dependendo do que falar aos senadores, e essa é a principal preocupação dos militares, verem um dos seus oficiais da ativa preso por culpa de Jair Bolsonaro.
Vamos aguardar para ver o teor das perguntas amanhã e se os parlamentares vão focar seus questionamentos na atuação do chefe do Executivo, já que Pazuello tem a obrigação de dizer a verdade quando se referir a terceiros. O que chama a atenção é que agora que a situação se complica para o presidente, o grupo técnico que aconselha o Ministério da Saúde elaborou um documento com orientações contra o uso da cloroquina, azitromicina, ivermectina e outros medicamentos sem eficácia no tratamento do coronavírus. É impressionante como esse pessoal lida com a saúde dos brasileiros, e nada acontece.
Bem, eu quero aproveitar e falar um pouco sobre essas eleições históricas que nós tivemos no Chile no último final de semana, que escolheu 155 cidadãos que irão redigir uma nova Constituição, destinada a substituir aquela herdada da ditadura de Augusto Pinochet.
Sobre esse tema de extrema importância para a América Latina, eu quero ler um texto que o professor da Universidade Federal do ABC Gilberto Maringoni escreveu nas suas redes sociais. O título do texto é “Viva Chile!”:
“Cinquenta anos após a posse de Salvador Allende (novembro de 1970) e 32 anos depois do final da ditadura, neste histórico final de semana, o Chile finalmente abre caminho para a derrubada da última muralha do pinochetismo, a Constituição de 1980.
O governo Piñera – após as surpreendentes manifestações de massa de 2020 – aceitou a realização de uma eleição Constituinte, cheia de salvaguardas malandras. A maior delas era só admitir mudanças que contassem com 2/3 dos constituintes eleitos. Estava certo de que, mesmo na pior das hipóteses para a direita, cláusulas pétreas da Carta anterior estariam garantidas. Essas seriam a tipificação de crime de terrorismo, restrições eleitorais, abertura para privatizações em todas as áreas, entre outras medidas arbitrárias.
O pior dos piores cenários para a direita se confirmou, apesar de um comparecimento menor do que o esperado nas urnas (41%). Um total de 117 de 155 dos eleitos são de esquerda, centro-esquerda ou independentes, sendo vários sufragados por povos originários. Serão 83 mulheres e 72 homens (pense na Câmara dos Deputados do Brasil, na qual há 436 homens e 77 mulheres)!
Nas disputas regionais, a direita ganhou 2 governos e a centro-esquerda em 15. Santiago terá uma prefeita comunista e a direita perde em outras cidades importantes, como Viña del Mar e Maipu.
É difícil afirmar que a América do Sul, em seu conjunto, vive uma nova onda rosa, como nos primeiros anos do século. O principal país, o Brasil, com 2/3 do PIB e 50% da população, é governado vocês sabem por quem. Há uma disputa em andamento no Peru. No Equador, uma divisão do progressismo abriu caminho para a continuidade do conservadorismo ultraliberal.
Mas é inegável o crescente rechaço ao regressismo na região”.
Bom, nós esperamos que essa onda de progresso que toma conta de boa parte da América do Sul chegue aqui ao nosso Brasil. Não é possível nós aguentarmos mais um dia sequer com Jair Bolsonaro determinando os rumos do nosso país. Nós saudamos o povo chileno na esperança de, em breve, termos um líder que defenda o direito da população pobre e da classe trabalhadora.
Ouça o comentário de Anderson Gomes: