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Antes de comentar os belíssimos e expressivos atos que tivemos nu último sábado (03) em todos os estados do país pelo “fora Bolsonaro”, eu queria citar algo muito preocupante que aconteceu na quinta-feira (1º) e que a mídia dominante quase não repercutiu, que foi uma reunião entre os generais e ministros Augusto Heleno, do Gabinete de Segurança Institucional (GSI), e Luiz Eduardo Ramos, da Casa Civil, com o diretor da CIA, agência de inteligência dos Estados Unidos, William Burns.
Além dos dois ministros, estiveram presentes no encontro Alexandre Ramagem, diretor-geral da Agência Brasileira de Inteligência (Abin), e Walter Braga Netto, ministro da Defesa. Os deputados federais Glauber e David Miranda, ambos do PSOL, apresentaram dois requerimentos de convocação de Heleno e Ramos à Comissão de Relações Exteriores da Câmara para que eles expliquem os motivos dessa reunião praticamente secreta e o que foi debatido no encontro.
Precisamos ficar muito atentos para todos os movimentos desse militarizado governo Bolsonaro, ainda mais em um momento de total fragilidade do presidente da República. Os Estados Unidos têm por costume intervir na política dos países da América do Sul para satisfazer seus interesses. Seguiremos do olho nos desdobramentos desse grave episódio.
Agora, a respeito das manifestações, eu aproveito para fazer a leitura de mais uma excelente análise do nosso companheiro e jornalista Milton Temer, publicada nas suas redes sociais. Diz o Milton:
“As manifestações do 3J mostraram que a timidez demonstrada pela plenária controlada pela CUT, que pretendera só provocar nova mobilização no dia 24, exige que a esquerda se dê conta de que quem para no meio do caminho entrega a vitória ao adversário. A rua tem que continuar a ser do povo, com todos os cuidados das máscaras e do álcool gel.
O Jornal Nacional, termômetro importante do que anda em cabeças das classes dominantes, deixou claro ponto importante do que se passa entre os maganos. Fez uma cobertura honesta das manifestações em todas as capitais, destacando suas palavras-de-ordem. Nem priorizou os provocadores de “ação direta” do final da gigantesca manifestação de São Paulo. Movimento distinto das coberturas das mobilizações contra o golpe de 2016, em que a rede desempenhava fundamental para a execução.
O que quer dizer isso? Nem pensar que as classes dominantes tornaram-se democráticas. Estão disputando, isso sim, a relação com o governo Bolsonaro. Estão unidas na agenda que os comentaristas da GNews caracterizam como “positiva”, “favorável ao ambiente de negócios”, marcada pelos pacotes de contrarreformas neoliberais e suas privatizações aceleradas.
Mas estão claramente divididas em relação ao tratamento criminoso da crise sanitária, e aos métodos e retórica do chefe do governo militar-patronal-miliciano que nos assola. Temem seu projeto claramente bonapartista – o que executa os interesses da grande burguesia, mas conduzindo o processo por cima da classe.
Para a Globo, especificamente, isso representa ameaça até à pretendida renovação de concessão, no próximo mandato, sem a qual perderá a propriedade temporal de seus canais, ficando limitada a seus estúdios de produção. Não é pouca coisa.
É para isso, portanto, que devem atentar as esquerdas ora hegemonizando a mobilização nas ruas, a despeito dos impedimentos e obstáculos concretos gerados pela pandemia.
Não pode se encantar. Que a direita dissimulada em centro, da qual a Globo é instrumento organizador, venha conosco. Nada contra. Mas cada um na sua calçada. Sem tentar impor hegemonia por meio do envolvimento de lideranças de nosso campo, com os ouvidos abertos para qualquer canto de sereia.
Que ela continue a nos acompanhar no isolamento dos segmentos do grande capital que fecham com tudo nesse governo, e isso afirmando nos convescotes palacianos – Bradesco, X`P, MRV, Luciano Hang e seus patéticos clones. Mas sem cantar em nosso terreiro,
Luta que Segue”.
Ouça o comentário de Anderson Gomes: