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Ary Girota: “Abstenções sobre Cedae vieram após telefonemas de Witzel”

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A votação na Assembleia Legislativa do Estado do Rio de Janeiro (Alerj) referente ao veto do governador Pezão à emenda que proíbe a privatização da Companhia Estadual de Águas e Esgoto (Cedae), foi adiada por falta de quórum na última quarta-feira (28).

 

Apesar de o número de deputados presentes ao Palácio Tiradentes ser suficiente para a realização da votação, a maioria deles registrou abstenção no painel da casa. O dirigente do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Purificação e Distribuição de Água e em Serviços de Esgoto de Niterói (STIPDAENIT) Ary Girota alega que a manobra se deu por intervenção de Wilson Witzel, eleito para ocupar o cargo máximo do estado a partir de 2019.

 

“Poderíamos ter a maioria para derrubar o veto, houve a declaração de mais de 30 deputados favoráveis a isso, mas, segundo informações, o governador eleito ligou para cada um dos parlamentares e as abstenções começaram a aparecer. Não sabemos os argumentos que estão sendo usados, mas ele não quer romper com o Regime de Recuperação Fiscal”, destacou.

 

Uma nova tentativa para a realização da sessão acontece ainda nesta quinta-feira. A emenda, de autoria do deputado Paulo Ramos (PDT) e que impede a venda das ações da empresa, fez parte do Projeto de Lei que estabeleceu o programa de refinanciamento de dívidas sobre o ICMS (Refis).

 

O dirigente sindical ressaltou que a matéria aprovada possibilitando a venda das ações da estatal se deu por influência de conveniência alheia aos anseios do povo do Rio de Janeiro.

 

“O projeto que autoriza privatização a Cedae foi aprovado sob chantagem, sob coação dos parlamentares, muitos deles hoje presos. A prisão do governador Pezão comprova que o Executivo e a casa legislativa estavam cheios de pessoas que não representam os interesses da população”, avaliou.

 

Luiz Fernando Pezão foi preso nesta quinta-feira (29) por um desdobramento da operação Lava Jato, acusado pelo Ministério Público Federal de receber mais de R$ 40 milhões em esquema de corrupção entre 2005 e 2017.

 

A manutenção da Cedae como empresa pública pode auxiliar Wilson Witzel na articulação com Jair Bolsonaro, ambos do Rio de Janeiro, na opinião de Girota. Entretanto, as disputas políticas devem dificultar o processo.

 

“É fundamental que o próximo governador entenda que a derrubada do veto vai dar a ele instrumentos para melhor negociar com o presidente eleito. Estão alegando na Alerj que ele não quer privatizar, mas não pode derrubar o veto por conta do decreto de intervenção. Witzel sabe que precisa Cedae, mas o jogo político influencia”, disse o sindicalista.

 

Para ouvir a entrevista de Ary Girota na íntegra, acesse o link abaixo:

 

 

Entrevista em 29.11.2018

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