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O último fim de semana marcou o encerramento dos Jogos Olímpicos de Tóquio, no Japão, e eu gostaria de fazer apenas um destaque a respeito dessa competição, que é a quantidade de medalhas conquistadas por atletas da região Nordeste do Brasil. Foram seis das 21 conquistadas pelo país, sendo que quatro delas de ouro. Alcançamos a marca de sete conquistas douradas.
Em um país praticamente sem qualquer tipo de incentivo ao esporte, o impressionante rendimento dos atletas nordestinos se deve muito a políticas públicas estabelecidas ainda durante os governos do PT, como o programa Segundo Tempo, criado durante as gestões do ex-presidente Lula e que foi exaltado em 2016 pelo hoje medalhista de ouro Isaquias Queiroz, da canoagem. Enquanto os gestores públicos desse país não entenderem o esporte como uma das mais importantes ferramentas de inclusão social, fenômenos esporádicos surgirão apenas pelo talento individual, sem germinar as sementes que poderiam alterar, de alguma forma, a realidade do nosso país.
Fica aqui o nosso respeito a esses brasileiros que, enfrentando tragédias pessoais das mais diversas, reverteram a lógica da falta de incentivos e alcançaram a glória no esporte. Bom, eu quero aproveitar também para ler nesse espaço editorial mais uma boa coluna do jornalista Bernardo Mello Franco, publicada no último domingo pelo jornal O Globo, onde ele fala da conivência de alguns atores políticos ao presidente Jair Bolsonaro. O título da coluna é “O silêncio dos cúmplices: Aras e Lira diante de Bolsonaro”:
“Na semana em que Jair Bolsonaro xingou a mãe de um ministro do Supremo e ameaçou dar golpe para escapar da Justiça, dois personagens se destacaram pela omissão: o procurador-geral da República, Augusto Aras, e o presidente da Câmara, Arthur Lira. Ambos chegaram aonde estão com ajuda do presidente. Agora agem como cúmplices da escalada autoritária.
A Constituição afirma que cabe ao Ministério Público defender a ordem jurídica, o regime democrático e os interesses sociais. Aras ignora esses deveres para proteger quem o nomeou. Sua incúria expõe o Judiciário a desgastes e começa a gerar um clima de insurreição na PGR.
Na sexta-feira, 27 subprocuradores-gerais divulgaram uma carta pública de protesto. O texto afirma que o chefe da instituição não pode “assistir passivamente” aos “estarrecedores ataques” de Bolsonaro.
Aras transformou a PGR num peso morto em Brasília. Em vez de investigar, blinda o presidente contra investigações. Em vez de denunciar, acoberta crimes contra a saúde pública e a democracia.
Sua inércia era atribuída à ambição de alcançar uma vaga no Supremo. Ele foi preterido, mas parece ter se conformado com a recondução ao cargo que ocupa. A indicação já foi enviada ao Senado e deve ser aprovada sem percalços.
Na Câmara, Lira continua a segurar mais de uma centena de pedidos de impeachment. Sua omissão impede que o presidente seja julgado por múltiplos crimes de responsabilidade. E vale como incentivo para que continue a delinquir.
O deputado pilota o trator do atraso legislativo. Em sua gestão, a Câmara tem favorecido desmatadores e grileiros com o desmonte da legislação ambiental. A agenda econômica também virou uma janela para grandes negócios. A venda da Eletrobrás foi aprovada com jabutis que orgulhariam o ex-deputado Eduardo Cunha. Agora o Centrão esfrega as mãos diante da privatização dos Correios.
Lira cobra caro pelo silêncio diante dos desmandos presidenciais. Hoje ele comanda a distribuição de cerca de R$ 11 bilhões em emendas parlamentares. É o chefão do orçamento secreto, que lubrifica as votações de interesse do governo.
Na sexta, o deputado fez mais uma concessão ao extremismo. Anunciou que a emenda do voto impresso, derrotada em comissão especial, será votada de novo no plenário. A manobra dá sobrevida ao discurso golpista de Bolsonaro. E mantém o balcão aberto para negociações com o Planalto”.
Ouça o comentário de Anderson Gomes: