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Editorial – 10.08.2021

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Nós temos explorado seguidas vezes aqui no programa o aprofundamento da relação entre os militares e o governo de Jair Bolsonaro, com as atitudes especialmente do ministro da Defesa general Braga Neto e dos três comandantes das Forças Armadas, mas quem também dá seguidas mostras de alinhamento à retórica golpista do ex-capitão são os Clubes Militares.

 

O jornalista Rubens Valente, em sua coluna no site UOL, expôs um episódio recente que se deu após a divulgação de uma mensagem conjunta entre essas entidades representando as três forças. Eu passo a leitura agora da coluna, que tem o título “Clubes militares não explicam ameaça velada de ‘outubro vermelho’”:

 

A ameaça velada contida na nota conjunta divulgada pelos três clubes militares continua sem esclarecimento, seis dias após ter sido divulgada na última segunda-feira (2). Os três Clubes (Naval, Militar e de Aeronáutica) representam militares da reserva e reformados e não são a palavra oficial da Marinha, do Exército e da Aeronáutica.

 

Após fazer críticas ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral) e apresentar uma defesa do que chamou de “sistema de urnas eletrônicas com voto impresso auditável”, a nota conjunta dos militares terminou com um ultimato: “O prazo final para a resolução desse imbróglio, visando as eleições de 2022, será outubro. Esperamos que não seja um outubro vermelho, mas sim verde e amarelo, pelo bem do Brasil”.

 

A nota, divulgada no site oficial do Clube Militar, do Rio, foi assinada pelos presidentes dos três clubes: o almirante Luiz Fernando Palmer Fonseca, do Clube Naval, o general Eduardo José Barbosa, do Clube Militar, e o major brigadeiro-do-ar Marco Antonio Carballo Perez, do Clube de Aeronáutica.

 

A coluna enviou um e-mail com seis perguntas iguais aos três clubes, mas não houve nenhuma resposta. Por telefone, o Clube Militar confirmou que a mensagem foi recebida, mas não disse se ela seria ou não respondida. As perguntas foram enviadas aos clubes Naval e Militar na terça-feira (3). A mensagem ao Clube de Aeronáutica foi remetida na quarta-feira (4). As perguntas que ficaram sem resposta seguem abaixo na íntegra. Caso os clubes se manifestem, este texto será atualizado.

 

– O que os presidentes dos Clubes Militares querem dizer com “outubro vermelho”? Estão sugerindo ou insinuando que haverá derramamento de sangue no Brasil caso não haja “resolução desse imbróglio”?;

 

– Caso os Clubes Militares tenham sugerido que poderá haver derramamento de sangue no Brasil em outubro, como os Clubes Militares chegaram a essa conclusão? O alerta sobre o alegado risco levantado pelos Clubes Militares é baseado em alguma ação que os Clubes Militares ou seus filiados vão tomar ou que têm conhecimento de que poderão ocorrer no país caso o “imbróglio […] não seja resolvido”? Em caso positivo, qual ação seria essa?;

 

– Ao sugerir/insinuar que poderá haver um “outubro vermelho” se questões políticas e técnicas não foram “resolvidas”, os Clubes Militares acirram os ânimos de parte da sociedade brasileira, em especial daquela militância que segue o presidente Jair Bolsonaro, que também questiona, sem dispor de qualquer prova técnica, como ele mesmo admitiu publicamente, a lisura de eleições que ainda nem ocorreram. Qual é o atual compromisso dos Clubes Militares com a união nacional? Essa ideia é, para os Clubes Militares, fundamental para o país? Se a união nacional é fundamental para o país, por que os Clubes Militares emitem uma nota que lança dúvidas sobre a união nacional, ao contrapor “outubro vermelho” com “verde e amarelo”, estabelecendo uma divisão nacional? Os Clubes Militares agora passam a considerar a ideia de uma guerra civil? Se é o caso, qual o objetivo desse comportamento dos Clubes Militares?;

 

– Os Clubes Militares têm noção das consequências sociais, políticas e econômicas advindas de uma catastrófica guerra civil, tal qual pode ser visualizada a partir da expressão “outubro vermelho”? Se têm noção, por que alimentam essa possibilidade ao vincular um “outubro vermelho” à solução de questões técnicas e políticas?;

 

– Segundo a Constituição, as Forças Armadas “destinam-se à defesa da Pátria, à garantia dos poderes constitucionais e, por iniciativa de qualquer destes, da lei e da ordem”. Os Clubes Militares têm noção de que sinais ameaçadores como os presentes na nota – suposto “outubro vermelho” e “prazo final” – perturbam a estabilidade política, econômica e social e, assim, atingem os poderes constitucionais e a manutenção da lei e da ordem?;

 

– Na nota, os Clubes Militares fazem uma longa crítica à tecnologia de informação usada para contagem dos votos de brasileiros, colocando em dúvida o sistema eleitoral também sem apresentar provas técnicas de fraudes que já tenham ocorrido. No entanto, há mais de 25 anos já foram eleitos em cargos diversos por esse mesmo sistema inúmeros militares reformados ou da reserva. Incluindo o presidente da República, que é capitão reformado, foi eleito e tomou posse após a confirmação do Tribunal Superior Eleitoral. Os Clubes Militares colocam em dúvida essas eleições [de 2018], inclusive de militares da reserva ou reformados? Os Clubes Militares não deveriam se ater à realidade dos fatos em vez de dar vazão a teorias conspiratórias já descartadas por inúmeros setores da vida brasileira, incluindo especialistas, órgãos de controle e o Judiciário?”.

 

Ouça o comentário de Anderson Gomes:

 

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