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Editorial – 12.08.2021

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Aquele espetáculo deprimente e intimidador protagonizado pelas Forças Armadas e pelo presidente Jair Bolsonaro na última terça-feira (10), quando veículos de guerra desfilaram na Esplanada dos Ministérios no dia da discussão a respeito da PEC do voto impresso na Câmara, segue repercutindo. O jornalista Bernardo Mello Franco, em sua coluna ontem (11) no jornal O Globo, comentou os efeitos desse episódio, em um texto que tem o título “Blindados e bananas”:

 

Jair Bolsonaro promoveu um desfile de blindados para intimidar o Congresso. O plano não saiu bem como ele esperava. Os parlamentares rechaçaram a pressão e sepultaram a farsa do voto impresso. A parada fora de época virou alvo de chacota nas redes.

 

A encenação foi um fiasco instantâneo. Autoridades de outros Poderes recusaram o papel de figurantes, e o presidente despontou na rampa com os comandantes militares e os sabujos de sempre. Na praça, um punhado de fanáticos urrava por golpe e ditadura.

 

O cortejo foi idealizado pelo comandante da Marinha, Almir Garnier. Ele sugeriu transformar um exercício de rotina, realizado anualmente, num teatro para bajular o capitão. Questionado sobre a provocação à Câmara, o almirante alegou uma “coincidência imprevisível” de datas. Para dizer isso, seria melhor fingir que perdeu a voz.

 

Em vez de exibir força, Bolsonaro escancarou sua fraqueza. É um presidente impopular, que apela à farda para camuflar o isolamento. Para as Forças Armadas, foi mais um espetáculo desmoralizante. Pela submissão aos caprichos do “chefe supremo” e pelo fumacê dos veículos mal regulados.

 

Enquanto os tanques deslizavam na Esplanada, a CPI ouvia mais um militar metido no rolo das vacinas. O tenente-coronel Helcio Bruno se revelou um típico bolsonarista de internet. Nas redes, divulgava notícias falsas e atacava as instituições. No Senado, adotou tom humilde e invocou o nome de Deus.

 

O coronel é uma caricatura da tropa que bajula o capitão. Foi para a reserva aos 42 anos, recebe aposentadoria de R$ 23 mil mensais e ainda tenta morder contratos públicos como “consultor de defesa”. Sua devoção política confunde-se com o apetite por boquinhas e privilégios.

 

A “tanqueata” não produziu um golpe, mas avacalhou um pouco mais a imagem do país. O jornal argentino Clarín destacou os “reiterados ataques” à democracia, e o britânico The Guardian citou a expressão “república de bananas”. “Todo homem público, além de cumprir suas obrigações constitucionais, deveria ter medo do ridículo”, disse o senador Omar Aziz. Mais um aviso que Bolsonaro não deverá ouvir”.

 

Ouça o comentário de Anderson Gomes:

 

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