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A repercussão daqueles discursos atentatórios do presidente Jair Bolsonaro no 7 de setembro foi enorme por todo o país, e não era para menos. A classe política e a sociedade civil, quase em uníssono, repudiaram o ensaio golpista que o ex-capitão fez no chamado Dia da Independência, desafiando o Supremo Tribunal Federal, atacando as instituições em geral e partindo definitivamente para o tudo ou nada.
O próprio presidente do STF, ministro Luiz Fux, fez um discurso bastante incisivo, falando em crimes de responsabilidade cometidos pelo chefe do Executivo e cobrando que o Congresso Nacional se debruce sobre esse processo.
Talvez o único que tenha agido com total conivência às ameaças do bolsonarismo, como faz de maneira recorrente, tenha sido justamente o ator mais importante nesse tabuleiro, dada a necessidade de saída imediata desse projeto de ditador do Palácio do Planalto. Eu me refiro ao presidente da Câmara Arthur Lira (PP-AL).
Sem mencionar diretamente o ex-capitão, o deputado se posicionou, mais uma vez, em prol da pacificação do país, algo que o Bolsonaro já abriu mão há tempos, defendeu a democracia e disse que o Brasil tem um compromisso com as urnas eletrônicas em outubro do ano que vem. Além disso, ele elogiou o fato de os atos do 7 de setembro terem se dado em clima de paz, só esqueceu de citar que os manifestantes, bem como o presidente da República, se posicionaram favoráveis à ruptura democrática, ao estabelecimento de uma ditadura no país.
Enfim, é aquela velha história, de onde menos se espera é que não sai nada mesmo. Resta saber se as lideranças partidárias do Congresso vão pressionar o senhor Arthur Lira para que ele dê prosseguimento a um dos mais de 130 pedidos de impeachment de Bolsonaro que se acumulam nas suas gavetas.
O Brasil precisa, de uma vez por todas, de uma liderança que se volte aos problemas reais do nosso país, que são inúmeros e urgentes, e eu vou listar apenas alguns aqui, como o combate a uma pandemia que já tirou a vida de mais de 580 mil brasileiros, a solução para uma crise econômica sem precedentes, essa estagflação que está colocada e que leva milhões de brasileiros à situação de extrema pobreza, à insegurança alimentar, um índice de desemprego e desalento que se mantêm em níveis recordes há meses, uma crise energética que deve levar o país a um apagão em poucos meses, enfim.
Os desafios são enormes para uma figura da pequenez e da inépcia do senhor Jair Bolsonaro. Isso sem contar que muitos desses dramas foram criados pelo próprio ex-capitão, que se elegeu com o discurso da antipolítica, do combate à corrupção e agora está mergulhado até o pescoço com denúncias de desvio de dinheiro público no seu governo e na sua família, nesses inúmeros escândalos de rachadinhas nos quais seus filhos estão envolvidos.
Nesse quadro, onde é impossível confiar na plutocracia que comanda o Congresso que ainda segue, apesar dos constrangimentos, tendo suas pautas atendidas pelo Jair Bolsonaro, falta à esquerda uma atuação mais firme e incisiva para que esse sujeito tenha o único destino que merece, que é a deposição imediata e sua prisão pelos inúmeros crimes que cometeu contra a democracia e contra o povo pobre desse país.
Ouça o comentário de Anderson Gomes: