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Editorial – 14.03.2022

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Hoje o Brasil lembra os 4 anos de um dos episódios mais trágicos e estarrecedores da nossa história política: os assassinatos da vereadora Marielle Franco (PSOL-RJ) e do seu motorista Anderson Gomes, em um episódio cercado de dúvidas, com os mandantes dos assassinatos ainda sob o manto da impunidade, ocultos por uma investigação que não trouxe respostas para uma série de perguntas.

 

Não são apenas as famílias dos executados que dormem e acordam atormentados pela angústia de não saberem quem foram ou quem foi aquele que decidiu pelo extermínio do corpo daquela que dedicou sua vida à luta pelo povo pobre, periférico e marginalizado. O mundo segue questionando “quem mandou matar Marielle e Anderson?”.

 

Eu queria contar duas passagens rápidas sobre esse caso. Por uma coincidência macabra, eu e o motorista assassinado da vereadora somos homônimos e, na época das execuções, eu homenageei ambos nas minhas redes sociais. Só que me surpreendeu muito o fato de eu ter recebido dezenas de mensagens de pessoas achando que eu era o Anderson Gomes vítima do crime.

 

Muita gente enviando mensagens de consolo à família do motorista, outras pessoas se dirigindo ao próprio Anderson, como se ele pudesse ler os recados. Isso me deixou um misto de tristeza e perplexidade, por perceber como as pessoas não se dão ao trabalho de observar quem é o verdadeiro destinatário das suas mensagens.

 

Um outro episódio se refere à própria Mairelle. Cerca de um mês antes do assassinato, eu, produzindo o Faixa Livre, tentei pautá-la para conversar conosco no programa. Ela atendeu ao meu contato e gentilmente recusou o convite por estar passando férias na Bahia, no período de recesso parlamentar, mas ficou muito marcada a frase de apresentação que a vereadora deixava em um aplicativo de troca de mensagens muito popular.

 

Ela usava um fragmento de um texto de Conceição Evaristo, que dizia “Eu-mulher, abrigo da semente, modo contínuo do mundo”. Marielle germinou nos corações de milhões de brasileiros. Marielle é flor, é fruto, é vida. Marielle ganhou a eternidade.

 

Ouça o comentário de Anderson Gomes:

 

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