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Nós vínhamos estranhando aqui no programa o silêncio do ex-presidente Lula para aquele decreto da graça concedido pelo Jair Bolsonaro ao deputado Daniel Silveira (PTB-RJ), perdoando a pena de prisão estipulada pelo Supremo Tribunal Federal por ataques aos magistrados da Corte.
Mas o petista finalmente se posicionou a respeito e a jornalista Thais Oyama, do site UOL, falou a sobre o comentário do pré-candidato ao Palácio do Planalto, na sua coluna publicada ontem (27), que tem o título “Lula está certo: Bolsonaro quer é “causar”. O golpe fica para depois”. Eu farei a leitura desse texto agora para vocês, ela escreveu o seguinte:
“‘Eu acho que o Bolsonaro foi estúpido quando fez essa decisão que ele tomou”, disse o ex-presidente Lula em uma entrevista coletiva ontem.
Deu para ouvir a decepção dos youtubers amigos que compunham a plateia.
Ao finalmente comentar o indulto dado pelo presidente Jair Bolsonaro ao deputado bolsonarista Daniel Silveira, o petista frustrou quem esperava dele um discurso de estadista aferrado na defesa das instituições democráticas.
Lula preferiu o rés-do-chão.
‘Eu nem comentei nada porque tudo o que ele (Bolsonaro) queria era o que aconteceu. Ele abafou o carnaval. Ficou quinta, sexta, sábado, domingo, segunda e terça no auge do noticiário’.
O tirocínio político do petista, aliado ao fato de que boi preto conhece boi preto, permitiu que ele visse com constrangedora clareza a intenção do ex-capitão: ao afrontar o STF ‘perdoando’ um aliado condenado pelo plenário por 10 a 1, Bolsonaro quis simplesmente ‘causar’ — ou, como disse Lula, ficar ‘no auge do notíciário’, sem qualquer preocupação com o fato de ‘se a coisa é boa ou ruim’.
Bolsonaro tomou a decisão do indulto de supetão.
Antes de anunciá-la na live de quinta-feira passada, consultou, além dos filhos e assessores jurídicos, não mais que uns poucos auxiliares da cozinha do Palácio. Aos ministros mais próximos, limitou-se a enviar, na manhã da mesma quinta-feira, uma enigmática mensagem de WhatsApp com a reprodução do artigo 84 da Constituição — aquele que fala do direito presidencial de conceder indultos.
No seu limitado universo de ideias fixas, Bolsonaro acredita (no que é sempre estimulado por assessores) que o STF persegue o seu governo, é a pedra no sapato que o impede de implementar a agenda conservadora prometida na campanha e foi o primeiro a pisar ‘fora das quatro linhas da Constituição’.
Por esse raciocínio, o ex-capitão, ao conceder o indulto a Silveira, estaria apenas reagindo às “provocações” da Corte — e, de quebra, claro, angariando o estratégico apoio de segmentos que compartilham com ele a mesma avaliação sobre o tribunal: lideranças evangélicas, parlamentares e militares, além dos incorrigíveis bolsonaristas raiz.
Bolsonaro não tem nenhum interesse em criar uma crise institucional agora.
Neste momento, o que ele quer é ‘ficar no auge do noticiário’, jogar uma cortina de fumaça sobre questões impertinentes, como a inflação e o desemprego, e conquistar apoio de segmentos fundamentais para ajudá-lo a vencer as eleições — caso em que, segundo tem dito a aliados, a primeira coisa que fará será trabalhar junto ao Senado para obter o impeachment dos ministros do STF Alexandre de Moraes e Luís Roberto Barroso.
Se uma versão tupiniquim da invasão do Capitólio americano ronda a cabeça do ex-capitão, ele sabe que o momento de deflagrá-la ainda está por vir”.
Ouça o comentário de Anderson Gomes: