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Eu comentei rapidamente essa semana aquele vídeo que o presidente do Bradesco, o senhor Lazari, gravou exaltando os militares e a jornalista Cristina Serra escreveu mais um dos seus belíssimos artigos no jornal Folha de S. Paulo, publicado ontem (07), a respeito desse tema, que tem o título “O capital e seus capatazes”. A Cristina diz o seguinte:
“Veio a público um vídeo em que o diretor-presidente do Bradesco, Octavio de Lazari Junior, enaltece o Exército brasileiro. Na gravação, o executivo afirma que se orgulha do período no serviço militar, em que se apresentava como “soldado 939 Lazari”. Diz ainda ter aprendido no Exército que “missão dada é missão cumprida” e anuncia que “o soldado Lazari continua de prontidão”.
A assessoria do banco apressou-se em dizer que a gravação foi feita há dois meses e em caráter pessoal. O ex-comandante de Lazari pedira a ele um vídeo motivacional para os recrutas. O que ninguém explicou até agora é o uso da logomarca do Bradesco do começo ao fim do vídeo, dando à peça um caráter institucional.
O texto também faz referência ao banco, “um dos maiores do mundo”, “com 90 mil funcionários”. Se a marca e o nome do banco são usados significa que a instituição concorda com o vídeo? Seu principal executivo pode usar o nome do banco em peça elogiosa ao Exército?
Lazari não nasceu ontem. Tem longeva carreira no Bradesco e é um dos dirigentes da Federação Brasileira de Bancos, que dispensa apresentações. Em tal posição, suas palavras e o contexto em que as pronuncia têm que ser medidos. Por acaso o executivo é um lunático, que ignora os ataques golpistas de Bolsonaro e seus generais às eleições? Avaliou que suas palavras não teriam impacto? Ou não se importou com isso? Imprudência ou incompetência?
Lazari pode alegar qualquer coisa, menos ingenuidade. Todas as hipóteses são péssimas. Por certo, muitos clientes do banco gostariam de receber uma explicação que não ofenda a inteligência deles.
Não pode passar sem registro a coincidência (?) com a aprovação de um projeto de Bolsonaro, na Câmara, que permite aos bancos tomar o único imóvel de uma família se este for dado como garantia de um empréstimo e o cliente não conseguir pagar a dívida. O Senado ainda pode evitar essa crueldade”.
Ouça o comentário de Anderson Gomes: