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Nildo: “Coesão burguesa que elegeu Bolsonaro enfrenta grave problema”

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Errático. Foi assim que Nildo Ouriques, professor e presidente do Instituto de Estudos Latino-Americanos (IELA) da Universidade Federal de Santa Catarina, definiu o governo de Jair Bolsonaro após o início conturbado de gestão.

 

O economista ressaltou que o cenário de caos político e social que o Brasil atravessa, incluindo o grupo que apoiou o ex-capitão do Exército no período eleitoral, será impulsionado pela visão liberal do super ministro da Economia.

 

“A coesão burguesa que elegeu de maneira muito clara Bolsonaro enfrenta um grave problema. Ela está em um país periférico da América Latina aprofundado em uma crise produzida por um rentismo inédito que agora vai ganhar um impulso fantástico pela figura de Paulo Guedes. Será um governo errático como eram todos os anteriores”, professou Nildo.

 

A renovação de cadeiras no Parlamento, com a eleição de muitas caras novas na Câmara e no Senado, não altera o caráter corrupto das Casas Legislativas, na opinião do professor. Este, aliás, é um dos fatores que conferem à gestão de Bolsonaro a natureza de ‘mais do mesmo’:

 

“O governo Bolsonaro tem três características essenciais: opera dentro do velho sistema político, a ideia de que esse Congresso é ultrarrenovado não pode ocultar o fato de que segue sendo um covil de ladrões, tem uma Corte Suprema servil aos interesses dominantes e que está exibindo cada vez mais a sua vocação classista, e é muito importante perceber que o sistema de ‘toma lá, dá cá’ da política, desde FHC, Lula, Dilma e Temer continua apodrecendo aos olhos da população e o desgaste de Bolsonaro será mais rápido do que eu pensava em amplos setores da opinião pública”.

 

As declarações polêmicas de alguns titulares de Ministérios, como Damares Alves e Ernesto Araújo, ministros respectivamente da Mulher, Família e Direitos Humanos e das Relações Exteriores, funcionam como cortina de fumaça para esconder as reais necessidades da população.

 

“Essas bobagens de quinta categoria não servem para nada, a não ser para manter as pessoas alienadas, sem ir para um combate político mais efetivo, não tocando naquilo que é essencial para a maioria do nosso povo, que o Bolsonaro não tem condição nenhuma de resolver, a não ser aprofundar”, comentou Nildo.

 

“Ele não pode resolver os três problemas aos quais emergiu: o problema do emprego e da renda, da violência e da corrupção no interior do sistema político, que é podre. Bolsonaro alimentou a ilusão, que era uma de ilusão de caráter petista, de que bastava trocar o comandante que o sistema político se moveria em outra direção”, continuou.

 

O professor da UFSC acredita que a violência urbana que o país enfrenta é mais uma expressão da “luta de classes” que existe na nossa sociedade e considera que o novo presidente tem apenas uma saída.

 

“Só resta ao Bolsonaro continuar tensionando contra as instituições, não ele, mas toda sua base social mais ativa. Vai tensionar contra o Supremo Tribunal Federal, logo que a lua-de-mel passar, vai começar a tensionar o Congresso, que será apresentado como hostil ao governo e com a capacidade de impedi-lo de avançar na direção proposta, e seguirá faturando em cima de uma mídia que mente. Fico estarrecido quando vejo gente defendendo as instituições como o STF, o Congresso Nacional e a liberdade de imprensa, porque é uma defesa abstrata”, encerrou Nildo.

 

Ouça a entrevista de Nildo Ouriques abaixo:

 

 

Entrevista em 10.01.2019

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