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Editorial – 15.01.2019

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De acordo com a polícia civil e principalmente através de notícia publicada no jornal O Globo, a polícia já não tem mais dúvidas de que a deputada estadual Martha Rocha teria sido alvo de uma tentativa de latrocínio. Como sabemos, bandidos de fuzil atiraram contra o Corolla blindado da deputada antes de ontem na Penha. Imagens recolhidas pelos agentes no local do crime revelaram que a deputada não estava sendo seguida pelos criminosos e isso fez com que a polícia trabalhasse principalmente com essa hipótese do crime ter sido feito por traficantes do complexo do Alemão.

 

De acordo com os policiais que investigam o caso, um outro dado que reforça a linha de investigação é que os ocupantes do automóvel que foi usado no crime abordaram um outro veículo no mesmo dia. Segundo levantamento da Delegacia de Homicídios da capital, que assumiu o caso, outros cinco roubos de veículos foram registrados na Penha esse mês em abordagens semelhantes, com armamento pesado. A grande questão que se coloca é que desde o final do ano passado havia denúncias a respeito de um atentado contra a deputada Martha Rocha.

 

A deputada Martha Rocha é uma delegada de polícia, já ocupou a chefia da polícia civil e, evidentemente, deve incomodar muita gente no seu mandato na Assembleia Legislativa, e nós estamos sofrendo no estado do Rio de Janeiro há muitos anos uma relação muito promíscua entre o crime e a polícia. É necessário que a gente aborde esse assunto com mais seriedade porque tudo se passa como se houvesse aqui no Rio de Janeiro um conjunto de criminosos, principalmente alojados nas favelas, e por outro lado uma polícia que com muita luta procura estabelecer um combate diuturno contra esses bandidos, essas quadrilhas que estariam nas favelas.

 

O problema é muito mais complexo e exigiria um exame muito aprofundado a respeito de como tem se desenvolvido o chamado crime organizado e onde as favelas são apenas um aspecto desse domínio territorial. Talvez a questão mais importante hoje no nosso estado seja essa explosão e expansão da influência das milícias, e é nesse sentido que nós estranhamos muito que de forma tão rápida a polícia civil já atribua justamente a traficantes do Complexo do Alemão esse tipo de ação.

 

Sabemos que nosso subúrbio vem sendo abalado permanentemente por crimes que são cometidos à luz do dia, inclusive com armamento pesado, mas estranhamos muito também porque a polícia não estabelece o foco da sua ação justamente no controle de armas e munições. Isso poderia em muito minimizar até mesmo essa enorme suposta influência dos chamados traficantes de drogas das favelas, afinal de contas o que estabelece o chamado poder dessa gente não é propriamente a droga, mas justamente armas e munições que dão poder de fogo. Não podemos questionar a polícia civil, mas estranhamos muito a rapidez com que se apresenta inclusive um suspeito.

 

Nós queremos um esclarecimento e ele passa por um exame muito objetivo de como vem se dando hoje o trabalho da polícia aqui no Rio de Janeiro. Não estou nem um pouco satisfeito com o andamento dessas investigações e nem com essas informações que são veiculados pela grande imprensa. Hoje, no curso do nosso programa, iremos entrevistar o delegado Vinícius George, membro da polícia civil, justamente para procurar esclarecer mais uma vez, ou aprofundar essa discussão, a respeito dos rumos da nossa polícia civil e porque não citar também a polícia militar. Tanto a polícia civil como a polícia militar precisariam, na verdade, de uma mudança completa na sua forma de atuação e na sua própria organização.

 

Temos muitas dúvidas em relação às mudanças administrativas que foram feitas logo no início do governo de Witzel, o novo governador do estado, e agora, mais do que nunca, temos a necessidade de esclarecer esse crime contra a deputada Martha Rocha que se segue a outro crime, sempre bom lembrar, que já completa 10 meses sem nenhum tipo de esclarecimento. Me refiro à execução da qual foi vítima a vereadora Marielle Franco, vitimando também seu motorista Anderson Gomes. Por isso é necessário colocar as barbas de molho e não termos nenhum tipo de precipitação para apontarmos suspeitos ou culpados

 

A rigor, o problema da segurança no Rio de Janeiro é muito mais sério e queremos principalmente paz para população e não somente notícias que possam, de alguma maneira, atenuar a insegurança permanente que todos vivemos, mas que mantêm uma preocupação constante em relação ao que pode ser feito em relação à área da segurança pública e, especialmente, no sentido de preservar a nossa polícia das influências que o próprio crime organizado estabelece. Hoje, infelizmente, há suspeitas generalizadas a respeito dessa relação promíscua entre o crime organizado e nossa organização policial.

 

Ouça o cometário de Paulo Passarinho:

 

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