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O dia de ontem foi bastante tumultuado para nós, para dizer o mínimo. O dia começou com uma declaração até certo ponto surpreendente do presidente Jair Bolsonaro afirmando que Flávio Bolsonaro teria de pagar o preço de qualquer tipo de irregularidade cometida no âmbito do seu gabinete como deputado estadual aqui no Rio de Janeiro.
Mas sabemos que as ações de Flávio Bolsonaro estão sendo muito questionadas principalmente por conta da sua estreita relação com o grupo de milicianos que, inclusive, faz parte, entre eles, PM’s e ex-quadros da polícia, que participariam de um tal esquadrão da morte, o que faz com que as atividades de Flávio Bolsonaro, que é um quadro político que presta homenagens e vive elogiando a ação dos milicianos, se aproxime perigosamente das próprias práticas criminosas da milícia, principalmente lá de Rio das Pedras, que justamente o seu comando se confunde com esse tal esquadrão da morte, o escritório do crime, contratado inclusive por bicheiros, empresários da Baixada e pessoas que têm interesse em contratar os serviços desses assassinos de aluguel.
Ou seja, a situação é extremamente grave, é por isso que talvez o próprio Bolsonaro, durante o dia de ontem, tenha afirmado que a investigação sobre o Flávio Bolsonaro seria arbitrária. São as idas e vindas de Bolsonaro, bem como da sua equipe, porque ontem, depois do próprio Bolsonaro e seus super ministros, o chanceler Araújo, o super ministro da Economia Paulo Guedes, o próprio super ministro da Justiça, Sérgio Moro, terem dado um bolo lá em Davos, em uma coletiva de imprensa marcada, eles atribuíram tudo ao trabalho antiprofissional da imprensa.
Pode isso? Então vale tudo para essa turma, é por isso que estamos vendo com muita preocupação também o assunto principal do dia que é essa autoproclamação como presidente interino da Venezuela do presidente da Assembleia Nacional do país. O cidadão se autoproclamou presidente e, curiosamente, foi imediatamente reconhecido pelos Estados Unidos e por outros 12 países das Américas. Todos, na verdade, extremamente subordinados às ordens de Washington.
Evidentemente, Nicolás Maduro percebe esse tipo de complô no continente contra o seu governo e percebe o dedo de Trump, e por isso ele anunciou o rompimento das relações diplomáticas com os Estados Unidos e conclamou também a unidade de disciplina das Forças Armadas. O governo de Maduro é extremamente contestado, a oposição cresce, mas ele tem um forte apoio principalmente entre a população pobre da Venezuela e entre as Forças Armadas.
É nesse sentido que a crise vai elevando sua temperatura e nós lamentamos profundamente essa posição voluntarista e, principalmente, irresponsável do governo Bolsonaro apoiando verbalmente essas aventuras de Washington, porque, por outro lado, existem posições dentro do governo que têm ponderado a respeito de qualquer envolvimento militar, que parece ser o grande propósito dos Estados Unidos em relação à Venezuela.
Com essa escalada voltada para a deposição de Nicolás Maduro, não só os Estados Unidos, mas esses demais países incluindo o Brasil, eles entram em uma rota perigosa de intervenção externa em relação à Venezuela, de uma interferência muito grave nos seus assuntos e sendo o vetor de desestabilização em um continente que precisaria se voltar para refletir e construir seu próprio desenvolvimento, e não conflitos militares, por exemplo.
Há vozes inclusive militares dentro do governo Bolsonaro que já afastaram essa possibilidade do Brasil se meter em uma aventura militar com a Venezuela, mas em se tratando de governo Bolsonaro, é melhor todos nós irmos botando as nossas barbas de molho, porque o que acontece é que a pressão de Washington é muito forte e o que conta nesse momento é o apoio que Maduro vem recebendo de outros países como a Rússia, Cuba, Nicarágua, Bolívia, México e Turquia, países que imediatamente prestaram solidariedade a Maduro e mostram muito bem que essa aventura norte-americana encontrará resistências não somente dentro da Venezuela, mas, inclusive, na comunidade internacional.
Ouça o comentário de Paulo Passarinho: