As mudanças climáticas se colocam como realidade em uma sociedade que se preocupa muito pouco com os efeitos da emissão de gases do efeito estufa. E já temos observado esses efeitos com a ocorrência cada vez mais comum de eventos extremos. Só que, as chuvas torrenciais ocasionadas, em grande medida, pela irresponsabilidade dos homens, e que neste verão se intensificam graças ao fenômeno El Niño, têm provocado tragédias. A miséria que obriga pessoas se arriscarem a morar em regiões de perigo, como encostas, margens de rios, combina-se com a falta de zelo dos gestores públicos, movidos pelos interesses de um capitalismo predatório.

No Rio de Janeiro, essa combinação provocou, no último fim de semana, um cenário de horror na zona Norte e na Baixada Fluminense. O dilúvio de sábado levou à morte de 12 pessoas, imagens de desespero, desalento, gente perdendo o pouco que tinha para sobreviver, e os argumentos do prefeito Eduardo Paes e do governador Cláudio Castro foram aqueles que já conhecemos de outros episódios: ‘a culpa é da chuva’, ‘não estávamos preparados para esse volume de água’. No entanto, a realidade é que há décadas, séculos, na verdade, as enchentes se repetem.

Para discutir o planejamento urbano das cidades para enfrentar os eventos naturais extremos, o Faixa Livre convidou o economista, sociólogo, doutor em Desenvolvimento Econômico e Social pela Universidade de Paris I e professor titular do Instituto de Pesquisa e Planejamento Urbano e Regional da Universidade Federal do Rio de Janeiro (Ippur/UFRJ) Carlos Vainer, a mestre e doutora em Urbanismo, professora de Projeto e Planejamento Urbano da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio), coautora de relatórios da Rede de Pesquisa sobre Mudança Climática Urbana (UCCRN) e coordenadora de capítulo do sexto relatório de avaliação do Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas (IPCC) Maria Fernanda Lemos e o biólogo e coordenador da Coalizão pelo Clima Pedro Aranha.

Assista ao debate: