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Editorial – 02.02.2021

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As eleições para as Presidências da Câmara e do Senado, que aconteceram ontem, confirmaram aquilo que já esperávamos. Arthur Lira (Progressistas) e Rodrigo Pacheco (DEM) vão presidir as Casas Legislativas, respectivamente. O detalhe ficou por conta da ameaça de rebelião do agora ex-presidente Rodrigo Maia. Após reunião na noite de domingo que confirmou o desembarque do seu partido, o Democratas, da candidatura de Baleia Rossi (MDB), o político, irritado, avaliou acatar algum ou todos os 60 pedidos de impeachment contra o presidente Jair Bolsonaro que se acumulam nas gavetas do gabinete da Presidência da Câmara, por conta da intervenção do Palácio do Planalto em favor de Lira.

 

Parece que os aliados de Maia conseguiram demovê-lo da ideia, que, àquela altura do campeonato, seria interpretada como mero casuísmo de alguém que fora derrotado politicamente. Não que o afastamento do ex-capitão não se justifique, muito pelo contrário, os crimes de responsabilidade por ele cometidos são inúmeros e é mais que necessário que o Congresso paute essa discussão. A grande questão é que Rodrigo Maia teve quase dois anos para aceitar algum desses pedidos. Além disso, sabemos que o impeachment é um processo muito mais político que jurídico e, ainda que provocasse algum desgaste ao chefe do Executivo, certamente os pedidos seriam arquivados.

 

Bolsonaro não só tem boa parte do Congresso na mão, estão aí as eleições das Casas Legislativas que não deixam dúvidas, como também as grandes manifestações populares contra o presidente estão impossibilitadas pela pandemia, ainda que as carreatas Brasil afora pela saída do genocida que ocupa o Palácio do Planalto tenham se avolumado no último final de semana.

 

Outra coisa que nos traz alguma esperança é o fato de a classe trabalhadora começar a perceber que só ela é capaz de derrubar esse governo. Tivemos ontem o início da greve dos caminhoneiros, que acabou tendo baixa adesão, como esperado, já que boa parte da categoria é bolsonarista, mas aponta para um início de conscientização. Os professores da rede municipal aqui do Rio de Janeiro paralisaram os trabalhos contra o retorno das aulas presenciais, os rodoviários que atendem as linhas do BRT também deixaram os ônibus nas garagens exigindo o pagamento dos salários em atraso.

 

Esse é o caminho para que possamos fazer as mudanças que o país precisa. Só a mobilização dos trabalhadores, a busca de uma greve geral, pode criar o ambiente necessário para a aprovação de um impeachment e nos oferecer uma alternativa nas eleições presidenciais do ano que vem. O Brasil clama por uma gestão que atenda os interesses da maioria da população.

 

Ouça o comentário de Anderson Gomes:

 

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