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Editorial – 02.08.2019

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O dia ontem foi bastante, vamos dizer, tumultuado lá em Brasília, afinal de contas começou com as revelações novamente do The Intercept Brasil, com apoio do jornal Folha de S. Paulo, a respeito de novas conversas, ou supostas conversas, envolvendo o procurador Deltan Dallagnol. A conversa é bastante grave porque claramente coloca o procurador procurando encontrar caminhos para comprometer, vejam bem, o senhor Antônio Dias Toffoli, nada mais, nada menos, o presidente do Supremo, em supostas irregularidades.

 

Coincidência ou não, ontem o Supremo também retomou os seus trabalhos e as decisões foram muito claras e todas elas, tudo indica, envolvendo uma espécie de ofensiva contra as ilicitudes da operação Lava Jato. O ministro Luiz Fux, por exemplo, ordenou a preservação dos diálogos apreendidos com os suspeitos de invadir os celulares de autoridades. Além disso, pediu cópia à polícia de todo esse material. É importante lembrar que na semana passada o senhor Sergio Moro, atual ministro da Justiça, e absolutamente comprometido com essas supostas ilicitudes da operação Lava Jato, rapidamente manifestou que esse material deveria ser destruído.

 

Então essa decisão do ministro Luiz Fux me parece claramente uma medida para preservar esse material e impedir qualquer tipo de ação dessa natureza, conforme sugerido por Sergio Moro por parte da Polícia Federal, que, diga-se de passagem, é subordinada a Sergio Moro. Ao mesmo tempo, o ministro Alexandre de Moraes em outra decisão suspendeu as investigações da Receita Federal sem autorização judicial e que envolviam um conjunto, mais de uma centena de autoridades, mas envolveu também ministros da Corte e seus parentes.

 

Isso também já foi apontado como algo grave por conta de uma suposta influência desses procuradores da Lava Jato nesse tipo de investigação e o Alexandre de Moraes, inclusive, determinou o afastamento dos servidores. O Gilmar Mendes, por exemplo, disse claramente em relação ao que vem acontecendo nessas revelações da operação Lava Jato que isso, palavras do Gilmar Mendes, virou um jogo de conversa de botequim. Quando o procurador diz assim: “Eu tenho uma amiga na Receita que me passa informações“ é porque a coisa está muito feia.

 

Já o Marco Aurélio Mello disse o seguinte: “É inconcebível que um procurador da República de primeira instância busque investigar ministros do Supremo”. Então esse tipo de posicionamento que vem sendo observado por parte dos ministros do Supremo pode indicar uma mudança nos rumos nessas supostas arbitrariedades da turma da Lava Jato, que evidentemente tem um comprometimento político muito claro, isso já ficou escancarado inclusive com aceitação por parte de Sergio Moro do cargo, do convite para integrar o Ministério de Bolsonaro.

 

Ele abriu mão da sua carreira na magistratura e assumiu esse cargo de ministro depois do seu papel absolutamente importante em impedir, na prática, a candidatura de Luiz Inácio Lula da Silva à Presidência da República no ano passado. É importante destacar que Lula era o concorrente na disputa presidencial, pelo menos de acordo com as pesquisas eleitorais, francamente favorito e o candidato que certamente seria um obstáculo a esses planos de levar Bolsonaro à Presidência da República, planos esses que me parece eram do total interesse do Sergio Moro.

 

Por isso, inclusive, hoje crescentemente no país, não somente junto aos setores de oposição, mas inclusive junto a setores liberais, de centro, de direita, que começam a observar um conjunto de problemas que ao longo dessa operação Lava Jato tivemos. Agora a grande questão que se coloca é que o governo Bolsonaro está em pleno funcionamento. Ontem fecharam um acordo que, convenhamos, é mais uma prova da renúncia da soberania brasileira em relação à nossa infraestrutura que já está profundamente privatizada, mas agora contará com uma parceria, digamos assim, privilegiada junto a empresas norte-americanas.

 

É isso que o secretário de Comércio conseguiu ontem assinando um protocolo com o ministro da Infraestrutura. Ao mesmo tempo, Bolsonaro anunciou a privatização da Eletrobrás, justamente em um momento que essa área elétrica, especialmente na área de Itaipu, revela problemas inclusive para o nosso vizinho Paraguai por conta do acordo que foi estabelecido em relação à energia produzida por Itaipu durante o governo do PT. O acordo teria sido, de acordo com as autoridades atuais, profundamente benéfico ao Paraguai e prejudicial ao Brasil

 

De forma secreta, isso é curioso, os governos agora do Bolsonaro e o governo paraguaio denunciaram esse acordo e estabeleceram novas condições e isso levou a uma crise lá no Paraguai. Vamos abrir nosso programa de hoje em relação a essas questões do setor elétrico, mas o tema palpitante desse debate de hoje de sexta-feira no Faixa Livre, conforme é tradicional, será sobre a desindustrialização brasileira, ou seja, independentemente dessas confusões entre a turma da Lava Jato e o Supremo Tribunal Federal e toda consciência jurídica mais avançada do país, o que temos em curso é o processo de destruição da nação brasileira e, principalmente, dos instrumentos para que a gente possa ter no país o mínimo de perspectiva de um projeto próprio, que é o que precisamos para, inclusive, evitar essa batessão de cabeça envolvendo autoridades, instituições e deixando Brasil à deriva.

 

Ouça o comentário de Paulo Passarinho:

 

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